O amor do Papa Francisco por Nossa
Senhora
É grande o amor que os Papas têm devotado à
Mãe de Jesus. Bento XVI, embora mais discreto em suas manifestações exteriores
de piedade, cultivou também um profundo amor a Nossa Senhora. A título de
exemplo, mencione-se apenas o fato de ele ter escolhido Aparecida para ser sede
da V Conferência Geral do CELAM, justamente por ser um Santuário Mariano.
Sabemos do grande efeito que este
fato teve nas conclusões do documento final e na vivência dos bispos ali
reunidos, entre eles aquele que viria a ser o próximo pontífice: o Cardeal
Jorge Mario Bergoglio. Já como Papa, em seu discurso aos bispos do CELAM, no
Rio de Janeiro, ele recorda que “a presença de Nossa Senhora, Mãe de América,
foi uma das colunas do desenvolvimento (da Conferência) de Aparecida, que lhe deram
originalidade” (28/7/2013).
De fato, o amor a Maria pertence à
íntima “identidade dos povos latino-americanos” (cf. Puebla 283). Como típico
integrante deste povo e profundamente identificado com ele, o Papa Francisco
cultiva desde a infância uma relação pessoal e afetiva com Maria, e essa
relação é importante para entender seu pontificado e sua visão da Igreja.
Contudo, expressar em poucas palavras a riqueza desta relação é uma tarefa
arriscada.
Desde o início de seu pontificado,
chamam atenção as expressões de amor filial de Francisco dirigidas a Maria. Em
seu primeiro ato como Papa, no dia seguinte à eleição, fez questão de
peregrinar à Basílica de Santa Maria Maior, lugar do primeiro templo cristão
dedicado a Maria no ocidente, para confiar-lhe seu ministério. As visitas
privadas a esse lugar têm se repetido, principalmente, antes ou depois de cada
uma das suas viagens apostólicas.
Ao descrever a origem desse amor
singelo e profundo pela Mãe de Jesus, o Papa Bergoglio se remete à sua família,
de origem italiana, “na qual se vivia a fé de forma simples e concreta”, e em
especial à sua avó Rosa, que caracteriza como a pessoa que mais “marcou seu
caminho de fé”.
Em uma conversa nossa, comentou que
“desde pequenos (lhes) ensinavam em casa a rezar as três Ave Marias e a
realizar pequenas devoções”. E agrega: “Sim, Nossa Senhora sempre esteve
presente!”. Ainda recorda uma pequena imagem de metal de Nossa Senhora das
Mercês que ganhou de presente aos 11 anos: “Eu a senti como algo que tinha tudo
a ver comigo, que me caía bem, que era uma referência familiar, pessoal”. Em
casa aprendeu a rezar o terço, costume que o acompanha até hoje: “Sou do
rosário diário!”, faz questão de ressaltar. E justifica essa sua prática de
forma muito simples: “O rosário me faz bem!”.
No colégio dos Salesianos e no
vínculo pessoal ao padre Enrique Pozzoli, salesiano muito próximo a sua
família, aprendeu a devoção a Maria Auxiliadora, que sempre o acompanhou. Não
só no dia 24 de maio, em que se dirigia à bela basílica no bairro de Almagro.
“Como bispo, cada vez que tinha um problema eu ia lá”, relata. “Tanto que
quando os padres do santuário me viam chegando, diziam: 'Aí vem o bispo. Deve
andar com um problemão daqueles!'”
Dom Bergoglio teve também variadas
e belas experiências de fé no Santuário de Nossa Senhora de Luján, em especial
nas muitas horas que passava confessando durante as multitudinárias
peregrinações juvenis realizadas todos os anos. “Fui me envolvendo nas
peregrinações”, relatou-me, “e aí eu descobri o que são os milagres de Nossa
Senhora, as coisas que ela faz. É que ela mexe com as consciências, é a mãe que
coloca as coisas em ordem”, explica o Papa.
Outra devoção com frequência
associada ao Cardeal Bergoglio é a de Nossa Senhora “Desatadora dos Nós”:
“Mandaram-me uma saudação de Natal com a imagem, e eu gostei dela”, explica o
Papa negando o fato, muitas vezes afirmado, de que ele tenha conhecido esta
devoção na Alemanha. Gostou dela, pediu mais estampas e começou a
distribui-las. “Nunca me senti tão instrumento nas mãos de Deus”, confidenciou
uma vez referindo-se à crescente difusão desta devoção em seu país.
Jorge Bergoglio tem ainda orações
marianas preferidas, como a Sub tuum praesidium (“À vossa proteção
recorremos”), a oração mariana mais antiga da Igreja (séc. II-III), e a Alma
Redemptoris Mater (“Ó Mãe do Redentor”), e tem peregrinado por muitos santuários
marianos. Estes constituem uma verdadeira “geografia da fé” mariana de nossos
povos, como indicou o Papa peregrino, São João Paulo II (cf. Redemptoris Mater
28).
A geografia da piedade mariana do
Papa Francisco é vasta e, desde 2007, passou a fazer parte dela nosso Santuário
de Aparecida, a “casa da Mãe de cada brasileiro”, como ele mesmo o definiu, ao
fazer questão de voltar lá em sua visita ao Brasil.
Tudo isso, porém, vai muito mais
além da simples devoção; é expressão de sua profunda experiência espiritual e
pastoral. Neste sentido, considero que há duas “chaves” para entender tanto o
coração mariano do Papa Francisco, como o lugar de Maria na sua ação pastoral:
A primeira é o grande valor que ele
dá à piedade popular, como experiência de uma autêntica “espiritualidade
popular” (Aparecida 263), como ele gosta de recordar; um caminho original pelo
qual Deus conduz seu povo, um “lugar teológico”, expressão cultural e
sapiencial do povo cristão. Bergoglio ama Maria como o povo de Deus, em
especial os mais simples, a amam, com as típicas manifestações da religiosidade
popular, porque “os pobres são ricos na fé”. E isso é expressão da “Igreja
pobre para os pobres”, reivindicada por ele, que reza do jeito que o povo
simples reza, e liberta o pobre a partir desta espiritualidade popular, e não
apesar dela.
A segunda “chave” é, a meu ver, a
profunda relação que o Papa vê entre Maria e a Igreja, pois ambas estão
chamadas a ser Mãe. A principal definição de Igreja que se encontra nas suas
palavras é a da Igreja como Mãe, a exemplo de Maria Mãe (cf. sua catequese em
11/9/2013). Uma mãe misericordiosa, cheia de ternura, que abraça, acolhe,
alimenta, sai ao encontro dos seus filhos. Por isso, na hora de me responder quem
é Maria para ele, Bergoglio não titubeia: “Ela é a minha mãe!”. Essas palavras
resumem tudo o que conversamos; condensam toda uma vida de amor e vínculo
profundo entre Jorge Mario e Maria.
Ela é simplesmente mãe: dos pobres,
da família, mãe de todos. Mãe mulher, mãe da nossa fé e da nossa esperança.
Esta é a experiência milenar da Igreja, é a experiência de milhões de cristãos.
É a experiência viva e real do coração do Papa Francisco.
Padre Alexandre Awi Mello, ISch, é
padre de Schoenstatt,
Secretário do Dicastério para os
Leigos, a Família e a Vida
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!