Afonso de Ligório, um santo “todo de
Maria”
Certo
dia, entusiasmado com um livro que lhe liam, Santo Afonso perguntou quem tinha
escrito tais maravilhas, tão cheias de piedade e amor a Nossa Senhora. Como
resposta, quem o acompanhava leu o título: “As Glórias de Maria, por Afonso
Maria de Ligório".
Santo
Afonso de Ligório compreendeu que o caminho que leva à perda da fé começa
muitas vezes pela tibieza e frialdade na devoção à Virgem. E, em sentido
contrário, o retorno a Jesus começa por um grande amor a Maria. Por isso,
difundiu por toda parte a devoção mariana e preparou para os fiéis, e em
especial para os sacerdotes, um arsenal de "materiais para a pregação e
propagação da devoção a essa Mãe divina". A Igreja sempre entendeu que
"um ponto totalmente particular na economia da salvação é a devoção à
Virgem, Medianeira das graças e Corredentora, e por isso Mãe, Advogada e
Rainha. Na verdade — afirma o Papa João Paulo II —, Afonso sempre foi todo de
Maria, desde o começo da sua vida até à morte" [1].
Cada
um de nós deve ser também "todo de Maria", tendo-a presente nos seus
afazeres ordinários, por pequenos que sejam. E não devemos esquecer-nos nunca,
sobretudo se alguma vez tivermos a desgraça de afastar-nos, de que " a
Jesus sempre se vai e se 'volta' por Maria" [2]. Ela conduz-nos ao seu
Filho rápida e eficazmente.
Santo
Afonso morreu muito idoso, e o Senhor permitiu que os últimos anos da sua vida
fossem de purificação. Entre as provas pelas quais passou, uma muito dolorosa
foi a perda da vista. E o Santo distraía as horas rezando e pedindo que lhe
lessem algum livro piedoso. Conta-se que certo dia, entusiasmado com um livro
que lhe liam, perguntou quem tinha escrito tais maravilhas, tão cheias de
piedade e de amor a Nossa Senhora. Como resposta, quem o acompanhava leu o
título: " As Glórias de Maria, por Afonso Maria de Ligório". O
venerável ancião cobriu o rosto com as duas mãos, lamentando uma vez mais a
perda da memória [3], mas alegrando-se imensamente com aquele testemunho de
amor à Santíssima Virgem. Foi um grande consolo que o Senhor lhe concedeu no
meio de tantas trevas.
Com
Maria, chegamos "antes, mais e melhor" às metas sobrenaturais que nos
tínhamos proposto.
Os
conhecimentos teológicos do Santo e a sua experiência pessoal levaram-no à
convicção de que a vida espiritual e a sua restauração nas almas devem ser
alcançadas — conforme o plano divino que o próprio Deus preestabeleceu e
realizou na história da salvação — por meio da mediação de Nossa Senhora, por
quem nos veio a Vida e que é o caminho fácil de retorno ao próprio Deus.
Deus
quer — afirma o Santo — que todos os bens que procedem dEle nos cheguem por
meio da Santíssima Virgem [4]. E cita a conhecida sentença de São Bernardo:
"É vontade de Deus que tudo obtenhamos por Maria". Ela é a nossa
principal intercessora no Céu, quem consegue tudo aquilo de que necessitamos.
Mais ainda: muitas vezes, a Virgem adianta-se às nossas orações, protege-nos,
sugere no fundo da alma essas santas inspirações que nos levam a viver mais
delicadamente a caridade; anima-nos e dá-nos forças nos momentos de desânimo,
vem em nossa defesa quando recorremos a Ela nas tentações... É a nossa grande
aliada no apostolado: concretamente, permite que as nossas palavras, tantas
vezes ineptas e mal amanhadas, encontrem eco no coração dos nossos amigos. Foi
esta a freqüente descoberta de muitos santos: com Maria, chegamos "antes,
mais e melhor" às metas sobrenaturais que nos tínhamos proposto.
A
função do mediador consiste em unir ou pôr em comunicação os dois extremos
entre os quais se encontra. Jesus Cristo é o único e perfeito Mediador entre
Deus e os homens (cf. 1Tm 2, 5), porque, sendo verdadeiro Deus e Homem
verdadeiro, ofereceu um sacrifício de valor infinito — a sua própria morte —
para reconciliar os homens com Deus (cf. S. Th. III, q. 26, a. 2).
Mas
isto não impede que os anjos e os santos, e de modo inteiramente singular Nossa
Senhora, exerçam essa função. "A missão maternal de Maria a favor dos
homens não obscurece nem diminui de maneira nenhuma a mediação única de Cristo,
antes mostra a sua eficácia. Porque todo o salutar influxo da Bem-aventurada Virgem
a favor dos homens não é exigido por nenhuma necessidade interna, mas resulta
do beneplácito divino e flui dos superabundantes méritos de Cristo" [5]. A
Virgem, por ser Mãe espiritual dos homens, é chamada especialmente Medianeira,
pois apresenta ao Senhor as nossas orações e as nossas obras, e faz-nos
alcançar os dons divinos.
"As
orações dos santos são orações de servos, mas as de Maria são orações de
Mãe."
Maria
corrige muitas das nossas petições que não estão totalmente bem orientadas, a
fim de que obtenham o seu fruto. Pela sua condição de Mãe de Deus, faz parte,
de um modo peculiar, da Trindade de Deus, e, pela sua condição de Mãe dos
homens, tem a missão confiada por Deus de cuidar dos seus filhos que ainda
somos peregrinos [6]. Quantas vezes não a teremos encontrado no nosso caminho!
Em quantas ocasiões não terá saído ao nosso encontro, oferecendo-nos a sua
ajuda e o seu consolo! Onde estaríamos se Ela não nos tivesse tomado pela mão
em circunstâncias bem determinadas?
"Por
que as súplicas de Maria têm tanta eficácia diante de Deus?", pergunta-se
Santo Afonso. E responde: " As orações dos santos são orações de servos,
mas as de Maria são orações de Mãe, e daí procedem a sua eficácia e o seu
caráter de autoridade; e como Jesus ama imensamente a sua Mãe, Ela não pode
pedir sem ser atendida". E, para prová-lo, recorda as bodas de Caná, em
que Jesus realizou o seu primeiro milagre por intercessão de Nossa Senhora:
"Faltava vinho, com a conseqüente aflição dos esposos. Ninguém pediu à
Santíssima Virgem que intercedesse junto do seu Filho pelos consternados
esposos. Mas o coração de Maria, que não pode deixar de compadecer-se dos
infortunados [...], impeliu-a a encarregar-se pessoalmente do ofício de
intercessora e a pedir ao Filho o milagre, apesar de ninguém lho ter
pedido". E o Santo conclui: "Se a Senhora agiu assim sem que lho
pedissem, o que teria feito se lhe tivessem suplicado?" [7] Como não há de
atender às nossas súplicas?
Pedimos
hoje a Santo Afonso Maria de Ligório que nos alcance a graça de amarmos Nossa
Senhora tanto como Ele a amou enquanto esteve nesta terra, e nos anime a
difundir a sua devoção por toda a parte. Aprendamos que, com Ela, alcançamos
antes, mais e melhor aquilo que, sozinhos, nunca alcançaríamos: metas
apostólicas, defeitos que devemos dominar, intimidade com o seu Filho.
Transcrito
e levemente adaptado da obra " Falar com Deus", trecho extraído da
página do autor, na Internet.
Referências
Papa
São João Paulo II, Carta Apostólica Spiritus Domini, no segundo centenário da
morte de Santo Afonso Maria de Ligório, 1.º de agosto de 1987.
São
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 495.
P.
Ramos, no Prólogo de As Glórias de Maria, Perpétuo Socorro, Madrid, 1941.
(Trata-se de uma história bem conhecida, também citada por Fl. Castro, C.Ss.R.,
na versão brasileira do livro, publicada pela editora Santuário, de Aparecida.)
Cf.
Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, V, 3-4.
Concílio
Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 60.
Cf.
Ibid., n. 62; Papa São João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Mater, 2 de
abril de 1987, n. 40.
Santo
Afonso Maria de Ligório, Sermões abreviados, 48.
Komentarze
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!