Nossa
Senhora da Saudade: Rainha dos Mártires
A palavra “saudade”, cultuada em prosa e verso
na literatura portuguesa, apesar de expressar um sentimento próprio dos povos
de língua lusitana, não foi capaz de elevar-se a ponto de fornecer um título à
Virgem Maria em Portugal, país onde a Mãe de Deus é invocada sob tantos
aspectos.
A
bonita e suave invocação de Nossa Senhora da Saudade é genuinamente brasileira,
mas foi preciso aparecer um jornalista como Mozart Monteiro para descobri-la
enclausurada no Carmelo de São José, em Petrópolis. Entusiasmado com esta
devoção de tão sublime sentimento poético, o cronista patrício estudou-a em sua
recente origem e tem se dedicado a divulgar o culto da Virgem da Saudade.
Segundo
o citado escritor brasileiro, esta devoção surgiu no Carmelo de Petrópolis, a
30 de março de 1918, num Sábado Santo, por iniciativa da Irmã Inês do Sagrado
Coração, inspirada na saudade imensa que a Virgem Maria teve de seu Divino
Filho nos três dias incompletos em que Ele esteve encerrado no sepulcro.
Procurava, assim, a santa carmelita honrar a dor do Amantíssimo Coração de
Maria nas 36 horas de padecimento atroz que se sucederam à morte de Jesus
Cristo. É, pois, um título que corresponde ao de Senhora da Soledade, muito
usado na tradição popular portuguesa e brasileira.
Naquela
época, era capelão de São José o eminente teólogo brasileiro Pe. João Gualberto
do Amaral. As irmãs carmelitas apresentaram-lhe a nova devoção e, após
examiná-la demoradamente, o ilustre sacerdote achou que estava de acordo com a
doutrina cristã. O bispo de Mariana, D. Silvério Gomes Pimenta, em visita ao
Carmelo, após elogiar o novo título da Virgem Maria, declarou que ele seria uma
fonte de graças para seus devotos.
Foi
então instituída a “Coroa da Saudade da Rainha dos Mártires” (aprovada pelo
bispo de Niterói), espécie de terço, constituído de três mistérios, cada um
constando de um “Pai-Nosso” e doze “Lembrai-vos”, somando, portanto, esta
última oração o número 36, correspondente às horas de sofrimento da Mãe
Celestial. Na medalha de Nossa Senhora com que termina a coroa, rezam-se três
“Aves-Marias” e uma súplica especial à Rainha dos Mártires.
A
atual liturgia da Semana da Paixão, considerando o Sábado Santo um dia de
intenso luto, veio confirmar o culto à Saudade da Mãe Divina, já instituído há
muitos anos no Carmelo de Petrópolis e dando um sentido mais vasto ao suplício
da Saudade que a Mãe de Jesus padeceu durante o sepultamento de seu divino
Filho.
A
imagem de Nossa Senhora da Saudade, inaugurada dentro da clausura do Carmelo de
Petrópolis, foi doada por uma senhora da sociedade, em agradecimento às graças
recebidas da Virgem Saudosa. No Santuário, sobre a estátua, pode-se ler a
comovente inscrição: -“Vinde a Ela, vós todos que sofreis, vós todos que
chorais; e Ela vos consolará”.
Esta
imagem, feita por célebre escultor francês, representa perfeitamente a saudade
intensa da Mãe de Deus suportada no sábado, após a Paixão do seu Divino Filho,
e os dizeres colocados sobre ela simbolizam a confiança que devemos ter na
infinita bondade da Rainha dos Mártires.
Iconografia:
Estátua
de mármore representando a Virgem Maria vestida de uma túnica e um manto, que
lhe envolve o corpo e passa sobre seu ombro esquerdo, caindo atrás na altura
dos joelhos. Com a mão esquerda, segura um punhal cravado em seu coração e, com
a direita estendida, apresenta a “coroa da Saudade”, que é uma espécie de
terço, com uma medalha na ponta. Sua cabeça está coberta por um véu longo e,
sobre ele, vê-se uma coroa aberta, semelhante à de visconde. Pisa sobre o globo
terrestre. Seu semblante docemente triste deixa transparecer um sorriso
melancólico.
Fonte:
-
Invocações da Virgem Maria no Brasil
Autora:
Nilza Botelho Megale
Editora
Vozes – 5ª Edição
Komentarze
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!