Dom
Orani João Tempesta, Mãe de Deus
Ao
concluirmos a Oitava do Natal com o Dia Mundial da Paz e com a Solenidade de
Maria, Mãe de Deus, recordamos também o Santíssimo nome de Jesus e sua
circuncisão. Ao iniciar um novo ano civil, a Igreja volta-se para a Virgem que
gerou em seu seio e deu à luz o Deus feito homem. Chegou a plenitude dos tempos
e “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”, aquela mesma que os
pastores encontraram velando o “recém-nascido deitado na manjedoura”. Somos
gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu Filho, reconhecemos Nele o Deus
perfeito, e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de
Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos
eternos”! – assim canta a Igreja hoje, saudando a Toda Santa Virgem Maria.
Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no Natal cantam assim: “Ó Cristo,
que podemos oferecer-vos como dom por vos terdes manifestado sobre a terra na
nossa humanidade”? Com efeito, cada uma das vossas criaturas exprime a sua ação
de graças, e a vós traz: os Anjos, o seu cântico; o céu, uma estrela; os Magos,
os seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma
manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe! Eis, pois, caríssimos irmãos, nosso presente
ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, o mais belo membro da Igreja, a
Virgem Maria!
Há
um segundo aspecto deste hoje. O Primeiro do Ano é também chamado de Dia da
Confraternização Universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a
ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz,
dia da confraternização entre os povos, nações, culturas. Ora, nós cristãos
sabemos que a paz não é uma ideia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São
Leão Magno dizia, no século V: “O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Cristo é a
nossa paz”! Não foi a respeito Dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado
Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi Ele
mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos sou; não vo-la dou como o
mundo a dá”? (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais sólida esta convicção: a
paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o mundo e para a nossa vida
somente no Cristo poderá ser encontrada de modo definitivo e pleno! Nele, nem
as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias, nem as provações, poderão
nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz!
Maria
é a Senhora cheia de graça e de virtudes, concebida sem pecado, que é Mãe de
Deus e Mãe nossa, e está nos céus em corpo e alma. A Bíblia fala-nos dela como
a mais excelsa de todas as criaturas, a bendita, a mais louvada entre as
mulheres, a cheia de graça (Lc 1,28), Aquela que todas as gerações chamarão
bem-aventurada (Lc 1,48). A Igreja ensina-nos que Maria ocupa, depois de
Cristo, o lugar mais alto e o mais próximo de nós, em função da sua maternidade
divina. Diz o Concilio Vaticano II, na Lumen Gentium, 63: “Ela, pela graça de
Deus, depois do seu Filho, foi exaltada sobre todos os anjos e todos os
homens”. E sabemos que todos os dons de Maria vêm pelos merecimentos de seu
Filho Jesus Cristo.
Nossa
Senhora, mãe e modelo
Ensina
São Paulo: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei…” (Gl 4,4). Jesus tornou-se realmente
homem, como nós, tomando a nossa natureza humana nas entranhas puríssimas da
Virgem Maria. Enquanto Deus, é eternamente gerado. Enquanto homem, nasceu de
Santa Maria. “Muito me admira – diz por isso São Cirilo – que haja alguém que
tenha alguma dúvida de que a Santíssima Virgem deve ser chamada Mãe de Deus. Se
Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que a Santíssima Virgem, que O deu à luz,
não há de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos
transmitiram, ainda que não tenham empregado essa expressão. Assim nos
ensinaram os Santos Padres”.
Jesus
deu-nos Maria como Mãe nossa no momento em que, pregado na Cruz, dirigiu à sua
Mãe estas palavras: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis
aí a tua mãe”. (Jo 19,26-27). Desde aquele dia, toda a Igreja a tem por Mãe, e
todos os homens a têm por Mãe. Todos entendemos como dirigidas a cada um de nós
as palavras pronunciadas na Cruz.
A
Escritura diz que “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu
coração” (Lc 2,19) e que “sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração”
(Lc 2,51). Maria, Mãe de Deus – porque Jesus é Deus – pensava e repensava nos
acontecimentos da história da salvação, da qual o seu Filho é o centro e ela
está profundamente inserida. A meditação de Maria é uma meditação de Mãe; ela
pensa no seu Filho continuamente. E como bem se sabe, as mães têm uma espécie
de ‘sexto sentido’.
Paz
a todos os homens e mulheres de boa vontade! Iniciemos este novo ano iluminados
pelo Senhor e abertos para contagiarmos, com a paz e a esperança, este novo
tempo cronológico que está à nossa frente.
Orani João, Cardeal Tempesta,
O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São
Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Komentarze
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!