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Os padres marianos e a Devoção à Divina Misericórdia no Brasil

Os padres marianos e a Devoção à Divina Misericórdia no Brasil
Pe. Leandro Aparecido da Silva, MIC - Superior Provincial dos Padres Marianos no Brasil Fonte: Father Leandro Aparecido da Silva, MIC
Em entrevista à ZENIT o Pe. Leandro Aparecido da Silva, MIC, Superior Provincial dos Padres Marianos no Brasil
Há 51 anos a Congregação dos Padres Marianos desembarcou no Brasil, trazendo consigo a grande devoção do Apostolado da Divina Misericórdia.
"A comunidade brasileira dos Padres Marianos assumiu a propagação da Devoção à Divina Misericórdia como missão fundamental", disse à ZENIT o Superior Provincial dos Padres Marianos no Brasil, Pe. Leandro Aparecido da Silva, MIC.
Atualmente a instituição desenvolve trabalhos em Crateús (CE), Ilha do Governador (RJ), Mongaguá litoral de (SP), no Paraná em Adrianópolis, Manoel Ribas, Turvo e Barra de Santa Salete na diocese de Guarapuava. E, por fim, na Arquidiocese de Curitiba: Sagrada Família, São Jorge e o Santuário da Divina Misericórdia.
ZENIT: Qual é a relação da divina misericórdia com os padres marianos?
Pe. Leandro: Bem, um pouco de história: um ano depois da morte da Irmã Faustina (05.10.1938), explodiu na Europa a Segunda Guerra Mundial. Já circulavam entre as pessoas os livretos e santinhos de Jesus Misericordioso, providenciados e propagados pelas coirmãs da Irmã Faustina. Muitas pessoas, naqueles tempos difíceis, recorriam à Divina Misericórdia pedindo salvação e proteção. Um deles foi o Padre Józef Jarzębowski, membro da Província Polonesa dos Marianos.
Forçado a fugir da Polônia, durante a ocupação nazista, em 1939, Padre Jarzębowski buscou refúgio em uma das casas dos Padres Marianos na Lituânia, com esperança de obter um visto que lhe permitisse a entrada nos Estados Unidos, onde, em Washington - DC, ele poderia encontrar os seus colegas Marianos. Conseguiu obter o visto, porém, por causa da guerra, as rotas de saída foram fechadas antes que pudesse deixar a Lituânia.
Em 15 de junho de 1940, o exército soviético invadiu a Lituânia. As chances do Padre Jarzębowski chegar aos Estados Unidos ficaram ainda menores. Permaneceu por um tempo na casa dos Marianos de Mariampol, porém teve de sair dela quando esta, em 14 de julho, foi tomada pelos soldados russos. Aconselhado por um seminarista polonês, Padre Jarzębowski começou a rezar a "Jesus da divina misericórdia", pedindo proteção. Esse e outros seminaristas que ajudaram o padre a obter a necessária autorização para viajar, posteriormente foram enviados para campos de trabalhos forçados na Sibéria.
No outono de 1940, Padre Jarzębowski, sem sucesso, tentou obter a renovação do visto americano. Nessa altura, ele conseguiu uma cópia tanto da Novena à Divina Misericórdia como do santinho de Jesus misericordioso. Portando-os consigo, foi novamente até as autoridades soviéticas pedir a autorização para sair do país. Milagrosamente, não obstante o fato de que seu visto americano tinha expirado, recebeu a autorização. A viagem, através da Sibéria, até o Japão, foi negociada.
Pouco antes de sair da Lituânia, Padre Jarzębowski foi, em Wilno, visitar o Padre Sopoćko, o qual lhe deu, para levar consigo, um "memorando", ou seja, uma exposição por escrito, sobre a devoção à Divina Misericórdia, de sua autoria, com o título: "De misericordia Dei deque eiusdem festo instituendo" (Sobre a misericórdia de Deus e o estabelecimento de sua festa). No dia seguinte, Padre Jarzębowski celebrou a santa Missa diante da Imagem original de Jesus Misericordioso, que Nosso Senhor havia pedido para Santa Faustina pintar e propagar em todo o mundo. Entregou a viagem que ia empreender à Divina Misericórdia, prometendo promover a Sua Devoção por todo o resto da vida, caso conseguisse chegar até junto dos seus irmãos Marianos em Washington, DC.
A tempestade da guerra jogou-o através da Rússia e do Japão. Conseguindo escapar milagrosamente da morte, se reuniu aos Padres Marianos dos Estados Unidos. Depois passou pelo México e por fim chegou à Inglaterra. Nesses países, com fervor e coragem, divulgava a Devoção a Jesus Misericordioso.
Depois do término da Segunda Guerra Mundial, a propagação da Devoção à Divina Misericórdia, por iniciativa dos Padres Marianos, acelerou-se. A princípio, nos Estados Unidos, depois, na Inglaterra e em Portugal, onde foram criados centros de divulgação chamados Apostolados da Divina Misericórdia.
ZENIT: E no Brasil?
Pe. Leandro: Os Padres Marianos, que deram início à missão brasileira em 1964, desde o início propagaram essa Devoção, apoiando-se nos textos originais providenciados pelo Apostolado dos Estados Unidos. E, desde 1980, dedicaram-se exclusivamente e por muitos anos à divulgação da Devoção à Divina Misericórdia, como uma retribuição de gratidão a Deus, e como uma via de evangelização, o Pe. Andrzej Krzymyczek. “Um dos profundos motivos dessa sua consagração à divulgação desse culto foi a graça ― alcançada mediante a oração a Jesus Misericordioso ― de uma renovação da sua vida sacerdotal e da sua confiança em Deus, apesar dos graves problemas de saúde”.
A comunidade brasileira dos Padres Marianos assumiu a propagação da Devoção à Divina Misericórdia como missão fundamental. Em todas as paróquias que dirige é entronizado o Quadro de Jesus Misericordioso, celebra–se com especial zelo a Festa da Divina Misericórdia, antecedida pela Novena que é rezada também em todas as sextas-feiras do ano, como uma novena perpétua. A Província dos Padres Marianos no Brasil, erigida em 8 de setembro de 1998, tem oficialmente no seu nome ― Província Brasileira da Divina Misericórdia ― a evidência da intrínseca relação dos Marianos com a propagação da devoção à Divina Misericórdia, dimensão integrante do seu carisma.
ZENIT: Quantos são os sacerdotes no Brasil e no mundo?
Pe. Leandro: No mundo somamos 470 entre padres e irmãos religiosos. No Brasil somos 31.
ZENIT: O que significa esse ano santo da misericórdia, na sua opinião?
Pe. Leandro: Um clamor, um grito divino para que a humanidade entenda que Deus a ama e quer a todo o custo salvá-la. Vivemos tantas realidades de dor, sofrimento, desespero, por isso é tempo de misericórdia e Deus quer lembrar à humanidade a sua infinita misericórdia que nasce na Paixão, Morte e Ressurreição de seu Filho Jesus. Diz o Papa Francisco: “Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes.” (O rosto da misericórdia, 3).
ZENIT: Qual é a principal atitude que os sacerdotes, especialmente, devem ter nesse ano?
Pe. Leandro: Responderei com as palavras do Papa Francisco na Bula: O rosto da misericórdia.
“Não me cansarei jamais de insistir com os confessores para que sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai. Nunca esqueçamos que ser confessor significa participar da mesma missão de Jesus e ser sinal concreto da continuidade de um amor divino que perdoa e salva. Nenhum de nós é senhor do sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus. Cada confessor deverá acolher os fiéis como o pai na parábola do filho pródigo: um pai que corre ao encontro do filho, apesar de lhe ter dissipado os bens. Em suma, os confessores são chamados a ser sempre e por todo o lado, em cada situação e apesar de tudo, o sinal do primado da misericórdia.”
ZENIT: E os leigos?
Pe. Leandro:São chamados a confiar planamente na Misericórdia Divina. Não há pecado que seja maior que o Amor de Deus pelo ser humano. Diz-nos o Papa: “Perante a gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado, e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa.”
Jesus diz a Santa Faustina em seu Diário (50): “A falta de confiança das almas dilacera-Me as entranhas. Apesar do Meu amor inesgotável – não acreditam em Mim, mesmo a Minha morte não lhes é suficiente.”  Confiemos profundamente no Senhor. 
ZENIT: Então, em suma, a espiritualidade de Santa Faustina pode ajudar na vivência desse ano?
Pe. Leandro: Sim. Santa Faustina, que tinha uma confiança ilimitada em Deus, por obediência ao seu confessor e explicita ordem de Jesus escreveu suas experiências místicas em um Diário. O próprio Jesus confiou a ela a missão de transmitir novas formas de Devoção à Divina Misericórdia que hoje são conhecidas e propagadas ao redor do mundo. A devoção à esse atributo divino é, na realidade, antigo, mas por muito tempo foi esquecido. Ela nos ajuda a relembrar o amor de Jesus por nós em sua Dolorosa Paixão.
ZENIT: Fale um pouquinho do trabalho de vocês no Brasil.
Pe. Leandro: No dia 31 de julho de 2014, nossa comunidade religiosa, no Brasil, Congregação dos padres Marianos da Imaculada Conceição, completou 50 anos de seus trabalhos em terras brasileiras. Nossa congregação nasceu em 1973, fundada pelo Bem Aventurado Pe. Estanislau Papczynski. Nossa presença no Brasil é fruto do Concílio Vaticano II. O superior geral da Congregação naquele tempo era o Bispo Dom Ceslau Sipowicz, ocupava um lugar ao lado de Dom José Brandão de Castro CSSR, bispo da diocese de Propriá, no estado do Sergipe. Dom José fez o convite a Dom Ceslau para o Marianos assumirem alguns trabalhos em sua diocese. No dia 31 de julho de 1964 a Congregação começa seus trabalhos em Nossa Senhora da Glória, Sergipe.

Hoje trabalhos em Crateús no Ceara, Rio de Janeiro na Ilha do Governador, Mongaguá litoral de São Paulo, Adrianópolis, PR. Manoel Ribas, Turvo e Barra de Santa Salete na diocese de Guarapuava. Na Arquidiocese de Curitiba: Sagrada Família, São Jorge e o Santuário da Divina Misericórdia.

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