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Maria no culto

Compreensão teológica do culto litúrgico à Virgem Maria
Frei Alberto Beckhäuser, OFM, 19 de Janeiro de 2016 às 14h49. Atualizada em 19 de Janeiro de 2016 às 16h11.
A Liturgia constitui certamente a expressão maior e mais perfeita do Culto da Virgem Maria que, em última análise, é expressão do próprio Culto Divino da Igreja.
A Santa Virgem Maria, a Virgem Maria ou simplesmente, Santa Maria, como ela é denominada na tradição litúrgica romana e oriental desde os primeiros séculos da Igreja, ocupa um lugar especial no culto da Igreja e, por isso mesmo, em sua espiritualidade. Podemos não ter devoção especial a este ou àquele santo. Alguns santos, porém, estão muito presentes na vida da Igreja porque se encontram no caminho dos cristãos para chegar a Cristo. Basta mencionar São João Batista, São José, os Apóstolos, especialmente, São Pedro e São Paulo, os Fundadores de Institutos Religiosos para seus membros e os Santos Padroeiros.

Contudo, existe entre os santos alguém que ocupa um lugar todo especial, um lugar privilegiado, já presente no Símbolo da fé“E se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”. É Santa Maria, a Mãe de Jesus Cristo, Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Ela é parte integrante da fé e da espiritualidade cristãs. Por isso, ela é celebrada pela Igreja com um culto especial, não de latria, pois este é devido somente a Deus.
Esta centralidade cristã e eclesial do culto a Maria, que, em última análise, é culto prestado a Deus, vem magistralmente expressa na Sacrosanctum Concilium, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II.
Falando da natureza do Ano Litúrgico, afirma-se:
            A Santa Mãe Igreja julga seu dever celebrar em certos dias no decurso do ano, com piedosa recordação a obra salvífica de seu divino Esposo. Em cada semana, no dia em que ela chamou Domingo, comemora a Ressurreição do Senhor, celebrando-a uma vez também, na solenidade máxima da Páscoa, juntamente com sua sagrada Paixão.
            No decorrer do ano, revela todo o Mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natividade até a Ascensão, o dia de Pentecostes e a expectação da feliz esperança e vinda do Senhor.
            Relembrando destarte os Mistérios da Redenção, franqueia aos fiéis as riquezas do poder santificador e dos méritos de seu Senhor, de tal sorte que, de alguma forma, os torna presentes em todo o tempo, para que os fiéis entrem em contato com eles e sejam repletos da graça da salvação” (SC 102).
Depois de falar da centralidade do mistério de Cristo no Ano Litúrgico, apresenta o lugar de Maria:
            Nesta celebração anual dos mistérios de Cristo, a Santa Igreja venera com especial amor a Bem-aventurada Mãe de Deus Maria, que por um vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho; nela admira e exalta o mais excelso fruto da Redenção e a contempla com alegria como puríssima imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser” (SC 103).
Aqui se fala de um vínculo indissolúvel com a obra salvífica de seu Filho. Diz-se que a Igreja nela admira e exalta o mais excelso fruto da Redenção e que a Igreja a contempla com alegria como puríssima imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser.
Penso que o Art. 104, que fala do culto dos santos, lança uma luz sobre o modo de Maria ser venerada, inserida no mistério pascal de Cristo:
            No decorrer do ano a Igreja inseriu ainda as memórias dos Mártires e dos outros Santos, que conduzidos à perfeição pela multiforme graça de Deus e recompensados com a salvação eterna, cantam nos céus o perfeito louvor de Deus e intercedem em nosso favor. Pois nos natalícios dos Santos prega o mistério pascal vivido pelos Santos que com Cristo sofreram e foram glorificados e propõe seu exemplo aos fiéis, para que atraia por Cristo todos ao Pai e por seus méritos impetre os benefícios de Deus” (SC 104).
Temos aqui três elementos manifestados na comemoração dos santos: A Igreja prega nos santos o mistério pascal vivido pelos santos, proclama as maravilhas de Deus operadas nos santos, pois Deus é admirável nos seus santos; propõe o exemplo dos santos aos fiéis como aqueles que viveram o mistério pascal de Cristo, que deram testemunho do Cordeiro imolado e vitorioso e os apresenta como mediadores junto a Deus. Tanto mais vale isso em relação à Santíssima Virgem Maria. Os santos como que testemunham cada qual um determinado aspecto do mistérios pascal de Cristo ou seja do Evangelho. Podemos dizer que Maria o revela em plenitude, pois o testemunhou em plenitude.
O Capítulo VIII da Lumen Gentium situa a Bem-aventurada Virgem Maria no Mistério de Cristo e da Igreja. “Por graça de Deus exaltada depois do Filho acima de todos os anjos e homens, como Mãe santíssima de Deus, Maria esteve presente aos mistérios de Cristo e é merecidamente honrada com culto especial pela Igreja” (LG 66). Mais adiante, afirma: “Este culto, tal como sempre existiu na Igreja, embora seja inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, e o favorece poderosamente” (LG 66).
A Virgem Maria ocupa um lugar especial na economia da salvação, ou seja, no plano de Deus a respeito dos homens, revelado e realizado na História da Salvação. Maria está intimamente ligada a Cristo e à Igreja.
(Extraído do livro Livro Maria Trono da Sabedoria 
Capítulo 7. O LUGAR QUE A VIRGEM MARIA OCUPA NO CULTO DA IGREJA)


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