Homilia da Festa de Nossa Senhora
de Guadalupe
Dom Raymundo Cardeal Damasceno
Assis
(saudações aos presentes)
Celebramos com alegria a festa
litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal da América Latina.
A Palavra de Deus nesta celebração nos convida uma vez mais a contemplar o
mistério de Cristo realizado em Maria e a assumirmos também uma atitude
proativa em favor do Reino e de nossos irmãos e irmãs com a mesma solicitude de
Maria que não poupa esforços para amar e servir, mas tem pressa em encontrar-se
com sua prima Isabel para levar-lhe o fruto bendito que está em seu ventre e
comunicar-lhe a alegria da realização das promessas de Deus, como escutamos a
pouco no relato do evangelista Lucas, pois nós também somos inseridos pelo
Batismo a este mistério de salvação.
Grande deve ser nossa alegria,
pois somos homens e mulheres da plenitude dos tempos. Deus manifestou-se em
nosso meio, assumindo nossa condição, ensinando-nos a viver, restaurando nossa
dignidade e tornando-nos em Cristo, filhos e filhas amadas, herdeiros da
salvação como nos recorda São Paulo na Carta aos Gálatas. Maria também é a
mulher da plenitude dos tempos, pois acolhe a graça divina em seu coração, ela,
a bem-aventurada, porque acreditou. Felizes, pois, aqueles que creem como Maria
e realizam na vida a vontade do Senhor.
A festa de hoje também nos
convida a contemplar a imensidão do amor de Deus manifestado aqui na América
Latina. Guadalupe é uma mensagem de consolo e esperança. Nossa Senhora de
Guadalupe reflete a misericórdia do Senhor para com os pobres e pequeninos. A
solidariedade missionária de Maria nos revela esta verdade, ela é a esperança
dos povos sofridos de nosso continente. Recordemos os fatos que nos ajudam a
crescer na fé:
No dia 9 de Dezembro do ano de
1531, a Virgem Maria apareceu a um indígena chamado Juan Diego, que, saindo de
seu povoado caminhava para a cidade do México, a fim de participar da catequese
e da Santa Missa. Quando estava na colina de Tepeyac perto da capital mexicana,
Maria apareceu-lhe. A Juan Diego, hoje santo de nossa Igreja, a Virgem suplicou
para que fosse até o Bispo, pedindo para construir um santuário naquele mesmo
local.
O Bispo local com toda prudência
pediu ao indígena um sinal da Virgem, e esse sinal somente foi concedido na
terceira aparição. Foi quando Juan Diego estava indo buscar um sacerdote para
seu tio doente e a Virgem lhe apareceu e disse:
"Escute, meu filho, não há
nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem
outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua
Mãe dadivosa”. Convidando aquele pobre homem à confiança no seu amor materno, a
mesma lhe propõe levar ao bispo rosas colhidas num terreno infértil e pede que
diga em seu nome para que nessas rosas, ele veja e cumpra a vontade dela.
Assim o fez o embaixador de Nossa
Senhora: chegou diante do bispo e desdobrou o manto em sua presença. E se deu o
milagre: junto das rosas, estampado no manto de Juan Diego, estava a imagem de
Nossa Senhora de Guadalupe, desenhada com muita beleza e esplendor que ninguém
até hoje consegue explicar tal prodígio. A partir do milagre foi construído o
santuário que acolhe peregrinos do mundo inteiro para manifestar sua devoção à
Virgem Maria que sob o título de Guadalupe é também nossa mãe e padroeira.
Recordo aqui as palavras do Papa
Bento XIV (14), proferidas em 1754, a respeito da Nossa Senhora de Guadalupe:
"Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num
terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros... uma Imagem
estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave
da Igreja tão facilmente como através de um filó; uma Imagem em nada
deteriorada, nem no seu supremo encanto, nem no brilho de suas cores, pelas
emanações do lago vizinho que, todavia, corroem a prata, o ouro e o bronze...
Deus não agiu assim com nenhuma outra nação.”
Lembro ainda que estamos nesta
caminhada rumo à solenidade do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e somos
convidados neste tempo do Advento a converter nosso coração ao Senhor, tirando
de dentro dele todo obstáculo que impede a vinda de Jesus em nosso mundo. Tempo
de renovar a esperança e a fé de que um mundo novo é possível, um ser humano
melhor e uma sociedade mais justa e fraterna serão realidades à medida que
Cristo renascer em nossos corações e deixarmos sua graça produzir em nós frutos
de salvação.
Também agradecemos nesta
Eucaristia os 30 anos de existência da Academia Marial que muito tem colaborado
com suas iniciativas: congressos, simpósios, seminários, assembleias,
catequeses, cursos e exposições para aumentar no povo o amor e a devoção à
Nossa Senhora, através da integração da reflexão teológica com a vida pastoral.
E pedimos ao Senhor que derrame suas graças sobre todos os participantes,
membros e associados desta 25ª Assembleia para que aproveitem este dia de
reflexão sobre a História da Academia Marial e apontem perspectivas para que
esta instituição prossiga em sua missão de pesquisar, ensinar, animar e
evangelizar nosso povo acerca da devoção a Maria e de seu papel no plano de
Deus e vida da Igreja.
Pedimos ao Senhor, que, pela
intercessão da Virgem de Guadalupe, Mãe solícita nas tribulações, sejamos
despertados e estimulados à prática da caridade cristã. Sob sua proteção, o
povo da América Latina progrida na fé, na fraternidade, na justiça, na
igualdade, na promoção da dignidade humana e da paz.
Dom Raymundo Cardeal Damasceno
Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecid
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!