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Aparições

Aparições de Maria
Aqui estão centrais sobre o tema das Aparições, com breves respostas. Para saber mais, veja o livro "Visões e Aparições. Deus continua falando?", Ir. Afonso Murad. Vozes.
 
1. Para que existem aparições, se Deus deixou sua Revelação na Bíblia?
As aparições não são consideradas uma nova Revelação de Deus, para completar ou continuar o que Jesus Cristo nos deixou. Elas são simplesmente uma experiência mística, vivida pelos videntes na presença de Nossa Senhora, para recordar a única revelação de Deus em Jesus Cristo. Os videntes relembram alguns aspectos da vida de fé, como a conversão, a oração, a penitência, a renovação da opção pelo Evangelho. Embora seja uma forma de comunicação extraordinária, as mensagens das aparições não substituem nem a Bíblia nem o Espírito Santo, que fala no coração de cada cristão e da comunidade. Um vidente ou uma pessoa comum, que vive sua fé intensamente, ambos têm o mesmo direito de serem escutados e acolhidos pelos seus irmãos, quando pronunciam palavras inspiradas.

2. Existem aparições ou elas são projeções dos videntes?

A pergunta deve ser respondida concretamente para cada caso. Há ocasiões em que existem muitos indícios de uma forte presença de Deus, fazendo-nos acreditar que não há uma experiência religiosa autêntica, como em Guadalupe, Lurdes e Fátima. Em outras, o bom senso leva a crer que há algo errado, mesmo que apareçam sinais cósmicos e aconteçam milagres. O fato de haver curas, conversões ou mesmo mudanças na natureza não provam que uma aparição seja legítima. Pois muitas vezes estes fenômenos têm sua origem na fé e na força espiritual da multidão reunida, e não na presença de Maria e no testemunho espiritual do vidente. Quando aparecem videntes fanáticos, com mensagens apocalípticas e moralistas, que não estão em sintonia com o evangelho e a caminhada da Igreja, não devem ser aceitos como legítimos.

3. Maria fala realmente aos videntes? As mensagens dos videntes se originam de Maria?
As aparições não são uma comunicação de Deus direta, em estado puro. Na mensagem do vidente, vêm misturadas as suas experiências psicológicas e culturais, a visão que ele tem do mundo, a mentalidade da época e tantas outras coisas. Até nas aparições reconhecidas pela Igreja, há muitas mensagem dos videntes na qual afloram o inconsciente coletivo, as manifestações devocionais. Por exemplo, a descrição do purgatório e o devocionismo dos santos, em Fátima. Usando uma comparação: os videntes não são como antenas parabólicas, que captam uma mensagem, inacessível para nós. São, antes, “destiladores” de uma experiência mística pessoal. Eles sempre transmitem uma experiência religiosa que foi destilada pela sua subjetividade psíquica e espiritual. Impossível fugir disso. Até a bíblia necessita ser interpretada, pois é Palavra de Deus em linguagem humana. Imagine então a mensagem de um vidente! Por isso, as mensagens de aparições não podem ser tomadas ao pé da letra, como se fosse uma comunicação “diretinha” de Jesus ou de Maria. Na mensagem do vidente, é necessário discernir o que pode ser um apelo de Deus para nós. Tomar o que é bom e deixar fora o que não nos ajuda a viver “na liberdade dos filhos de Deus” (Gal 5,1).

4. Porque só algumas pessoas vêem Nossa Senhora? Elas têm mais fé do que nós?
O fato de ver ou ouvir Maria não significa que os videntes tenham mais fé do que nós. Para um cristão, o mais importante não é ver coisas extraordinárias, mas entregar o coração para Deus, buscar realizar sua vontade e esperar nEle. A fé não precisa de sinais, embora agradeçamos muito a Deus quando Ele nos deixa algum. As pessoas que vêem ou ouvem aparições são chamadas de “videntes” ou “confidentes”. Normalmente, elas têm um poder mental extraordinário, são “sensitivas” ou “para-normais”. Dessa forma, vivenciam e interpretam a presença de Deus de maneira mais intensa do que nós. No momento de uma provável aparição, elas entram em “êxtase”, um forma de alteração da consciência, atestada por muitos estudos científicos. Deus pode se servir dessa capacidade extraordinária das pessoas, para nos comunicar algo de seu amor, através de Maria. No entanto, os para-normais ou sensitivos captam, elaboram e transmitem sua experiência, de acordo com seu nível espiritual e o equilíbrio psíquico. Ou seja, pessoas pouco evoluídas espiritualmente podem entrar em êxtase, mas a sua experiência mística será de qualidade duvidosa. Além disso, há indivíduos com sérios distúrbios psíquicos, que têm êxtases simulados. Dando azo à sua loucura, podem atrair multidões e levá-las ao engano.

5. Por que hoje há tantas pretensas aparições?
O mundo de hoje está em crise, vive conturbado. A passagem do milênio deixou muitas perguntas sobre o futuro do nosso planeta. As pessoas, desesperadas, confusas, cheias de problemas pessoais e familiares, com medo, procuram na religião alguma coisa segura, na qual se agarrar. Buscam alívio, consolo e algumas certezas para viver. Elas ficam encantadas com as coisas maravilhosas e mágicas da religião. Todo esse ambiente de insegurança, crise e medo da sociedade moderna levou a um reencantamento com o sagrado. Isso cria um ambiente favorável para surgir e se desenvolver fenômenos místicos extraordinários. Quando se tem notícia de uma possível aparição, as multidões correm ávidas para o local, na esperança de encontrar o que buscam: a paz, a cura, o emprego, a felicidade pessoal, o sentido para viver.... E o fato se divulga logo, com a facilidade dos transportes e dos meios de comunicação.


6. Por que alguns videntes insistem sobre o fim do mundo e o castigo de Deus sobre a humanidade?
Esse é um exemplo típico de como se misturam, na experiência do vidente, a mensagem de Deus com as coisas humanas. No passado, muitos santos e videntes já erraram quando fizeram previsão do fim do mundo e da segunda vinda de Jesus (parusia). Sempre que há uma grande crise nas civilizações, como está acontecendo hoje, alguns prevêem a destruição como única forma de purificação, para recomeçar direito. Na verdade, nós não sabemos sobre o fim do mundo (Mt 24,36). O futuro do mundo está nas mãos de Deus, e depende também das atitudes da humanidade. De qualquer forma, a verdadeira conversão não nasce do medo da destruição, mas da certeza que Deus é bom, que ele exerce sua compaixão pela humanidade e nos chama a uma vida plena (Jo 10,10).

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