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MARIA, PRIMEIRA DISCÍPULA E MISSIONÁRIA

MARIA, PRIMEIRA DISCÍPULA E MISSIONÁRIA
Jesus Cristo é o único mestre e o único redentor da humanidade; dele recebemos a graça de sermos seus discípulos e cooperadores, participantes de sua vida e de sua missão, santos e santificadores (La verità vi farà liberi, pág. 383). Chamados todos a sermos discípulos e missionários do Senhor, Maria nos precede nesta convocação seja no tempo – foi a primeira a ser chamada – seja na intensidade da resposta. O discípulo que quer seguir Jesus não se compromete somente com a doutrina de Jesus, mas com a sua própria pessoa: de fato “Jesus convida a nos encontrar com ele e a que nos vinculemos estreitamente com ele, porque é a fonte da vida e só ele tem palavras de vida eterna” (DAp 131, pág.72).

Assim, assimilado a Cristo, o discípulo se torna seu missionário, isto é: alguém que se compromete a fazer conhecer aquele Jesus que está arrebatando sua vida.
Ninguém realiza este encontro e este compromisso com a pessoa de Jesus mais e melhor que Maria Santíssima. E não só porque ela é mãe, mas, sobretudo pela sua obediência à Palavra do Senhor. Seu caminho de fé a levou a abrir sempre mais seu coração e a se inserir sempre mais conscientemente no mistério da redenção (cfr. Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 61).
Assim, “na Anunciação Maria acolhe com fé a Palavra de Deus e se entrega como dócil instrumento em suas mãos. Acolhe o Messias e coloca-se à disposição de sua obra. Seu consentimento abre ao Senhor o caminho para sua vinda pessoal ao mundo e inaugura a plenitude dos tempos” (La verità vi farà liberi, pág 383). Cheia do Espírito Santo e, repleta da Graça de Deus pela presença do Verbo que se fez carne no seu seio, Maria, com caridade esplêndida, vai assistir a sua parenta Izabel. As duas mulheres se encontram, se saúdam, se falam; entretanto, João Batista, com alegria, adverte e denuncia a presença do Redentor, cuja chegada deverá preparar.
O episódio mostra muito bem o que acontece quando um verdadeiro discípulo se torna também missionário: ele encontra várias pessoas, comunica o anúncio da salvação, mas o que passa no coração das pessoas é a própria pessoa de Jesus. Exatamente como Maria, que levou Jesus à casa de Zacarias e de Izabel: e foi aquela festa!
Quando Jesus nasce, pobre entre os pobres, os pastores, despertados no meio da noite, correm à casa de Belém para encontrar a causa da grande alegria anunciada pelo canto dos anjos. Eles encontram Maria, mãe feliz do Recém-Nascido Salvador, que apresenta o filho àqueles pobres que esperavam há tanto tempo o Prometido do Senhor. Mais uma vez, Jesus, fonte de esperança e de alegria, chega aos corações destas pessoas simples por Maria.
No começo da vida pública de Jesus é sempre Maria quem colabora para que seus discípulos acreditem nele (Cfr. João 2,11). Imaginemo-nos sentados à mesa do casamento que está acontecendo em Caná da Galileia. O vinho está acabando: coitados dos noivos! A festa assim terminará melancolicamente. “Não têm mais vinho”. Maria se faz embaixadora da humana indigência. Também esta atitude é própria do discípulo e do missionário do Senhor: não só leva Jesus aos homens, como também leva a Jesus as misérias e indigências da humanidade. “Fazei tudo o que ele vos disser”. E o milagre acontece. A indigência humana é suprida e a fé dos primeiros discípulos confirmada.
Hoje ser discípulo e missionário do Senhor não é fácil. Antes, em nenhuma época isso foi fácil. Cada época da história apresentou dificuldades próprias para o seguimento de Jesus. Também para Maria não foi fácil pôr-se no seguimento de seu Filho. Quanta pressão deve ter exercido o parentesco de José e Maria sobre esta serva do Senhor! Chegaram até ao ponto de ir atrás de Jesus para, quem sabe, moderá-lo um pouco, pois achavam que estava fora de si (Marcos 3,21). Maria os acompanhava. Como mãe, analisava tudo e percebia os perigos que seu Jesus corria. Também para ela ser discípula foi fruto de um progresso constante na fidelidade à Palavra do Senhor. Por isso, as palavras que Jesus pronunciou naquela ocasião fizeram crescer mais ainda a fé de Maria e sua disponibilidade de acompanhar seu filho. Maria, dando ouvidos à palavra de Jesus, transformou uma dificuldade em preciosa oportunidade de amadurecimento na fé. “Aquele que faz a vontade de Deus, – disse Jesus – aquele é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3,35).
 “Manteve fielmente sua união com o Filho até à cruz, onde esteve presente por desígnio divino. Veementemente sofreu junto com seu Unigênito. E com ânimo materno se associou ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima por ela mesma gerada” (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 58). Sem dúvida foi este o momento mais difícil desta discípula e missionária de Jesus. Mas é neste momento que mais se manifesta discípula e missionária do Senhor. No Calvário tudo é envolto em trevas: até Deus parece ter desaparecido. Aquele Messias pendurado na Cruz parece um enganado: tantas promessas, e tudo acabou na cruz. “Lhe dará o trono de seu pai, Davi” – havia dito o Anjo na Anunciação. Mas será que o trono prometido era a cruz? E será que a coroa de espinhos é símbolo de alguma realeza? Aquele momento podia se transformar em rebelião, revolta e abandono definitivo do seguimento de Jesus. Muitos homens fazem isso e dizem nos momentos de dificuldade: “Visto que Deus me abandonou, eu também o abandono”. Maria não fez isso. Na escuridão da prova do Calvário, a fé de Maria prevaleceu e se colocou à espera da intervenção de Deus. Mas quanto lhe custou a fidelidade àquele “sim” inicial!
Hoje a Igreja, justamente, chama Maria de Nova Eva. Não mais a mulher vencida pelo Demônio, mas a Mulher que vence o Demônio pelo seu Filho. Não mais a mãe dos viventes, escravos do pecado, mas a Mãe dos viventes porque livres do pecado pelo seu Filho. “Em Cristo, novo Adão e em Maria, nova Eva, finalmente apareceu a tua Igreja, primícias da humanidade redimida” (Missal Romano, edição italiana, Prefácio de Nossa Senhora).
Na verdade quando um discípulo fiel de Jesus se torna seu missionário faz grandes coisas. Para ser mais exato: a Graça de Deus pode realizar grandes coisas através dele. Muitas vezes não nos damos conta de todas as obras que Jesus realiza com seu Espírito através de seus discípulos. Mas ainda assim ele trabalha. Muitas vezes parece que nada dá certo; antes, que tudo é um verdadeiro fiasco. Mas, ainda assim, o Gólgota com sua Cruz redentora relembra que até o fracasso humano na mão de Deus pode se transformar numa vitória cheia de benefícios imensos. Com sua atitude firme e fiel, Maria se impõe como modelo seguro para qualquer discípulo de Jesus que quer pôr-se ao seu serviço como missionário.
O trabalho é árduo e exigirá muito do tempo do discípulo e missionário. Mas, antes de desanimar, ouçamos como dirigidas a cada um de nós as palavras que Maria dirigiu a são João Diego quando apareceu em Guadalupe:
 “Não estou eu aqui que sou tua mãe? Não estás sob minha proteção? Não sou eu a fonte de tua alegria? Não estás sob meu manto, no cruzar dos meus braços?”

E como São João Diego criou coragem para seguir os comandos de Nossa Senhora, nós também criemos novo vigor missionário para semear o evangelho num mundo que parece sempre mais distante de Deus.

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