Santo Efrem em poema sobre a Virgem Maria 373 d.C.
Maria deu o Fruto doce à humanidade
e a lei do Senhor é uma grande bênção.
No lugar do fruto amargo que colhera Eva,
pelo Fruto de Maria toda humanidade se delicia.
A árvore da vida escondida no Paraíso,
dentro da Virgem Maria foi semeada
e dela nasceu, e sob sua sombra
a humanidade se sentou
e aos distantes
e aos próximos
seus frutos espalhou.
Santo Efrem em poema sobre a Virgem Maria 373 d.C.
O anjo Gabriel foi enviado a Maria
para preparar uma morada
para seu Senhor.
Nela a raça dos homens
vis e insignificantes
se uniu com a raça divina
que está acima de todas as paixões...
Pela prole de Maria tem sido abençoada
aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos
(Genesis II,16), trazendo bênçãos, as mais profundas,
a esta mulher, cuja prole destruiu a morte e a Satanás.
E no seio de Maria se fez criança, Aquele que é igual
a Seu Pai desde a eternidade; comunicou-nos Sua grandeza
e assumiu nossa pequenez: conosco se fez mortal
e nos infundiu Sua Vida a fim de livrar-nos da morte...
Maria é o jardim ao qual desceu, do Pai, a chuva de bênção.
Esta aspersão chegou até o rosto de Adão: assim Este
recobrou a vida e se levantou do sepulcro, já que por
seus inimigos tinha sido sepultado no Sheol.
Santo Efrém - ano 360-370 - Carmina Soguita 1
Santo Efrén, o Sírio
Efrém nasceu em 306 em Nisibina ou em seus arredores
(Mesopotâmia), Depois de ter estudado junto ao bispo daquela cidade, Jacob
(Jaime) se converteu no animador de uma escola de doutrina, poesia e canto.
Refugiou-se em Edesa no ano 367, por causa da ocupação persa de Nisibina, e
nela prosseguiu suas atividades de ensinamento, unidas a composição de muitos
escritos exegéticos, catequéticos e hinos em siríaco. Sua exuberância poética
era tão grande e tal o gosto dos sírios pela poesia, que muitas homilias estão
compostas em versos. Recebeu o título de "Profeta dos Sírios" e
"Cítara do Espírito Santo" e a tradição se alegrou em engrandecê-lo,
ao estilo dos dois primeiros apotegmas, atribuindo-lhe a concessão milagrosa
dos carismas da palavra, da sabedoria e também das lágrimas. A respeito dele
foi escrito que era tão natural vê-lo chorar como respirar. Levou, desde muito
jovem, juntamente com outros, vida comum na castidade, pobreza e penitência e
retiro, compatível, não obstante, com o ensinamento e a pregação. Foi ordenado
diácono, mas não sabemos exatamente quando. Muitos são os escritos sobre a sua
vida, mas lamentavelmente, mistura-se muitos elementos lendários. Várias fontes
revelam que se ocupou com grande generosidade a assistência aos enfermos,
famintos, dando sepultura aos mortos numa época de grande miséria. Seja
verdadeira ou não esta informação, é de grande significado, pois a Tradição
queria transmitir dele um perfil completo, não só como grande escritor e
compositor de hinos, como também, a imagem de um diácono entregue ao serviço
dos mais necessitados.
Morreu no ano 373, sendo tão venerado que rapidamente seus
hinos e outros escritos foram introduzidos nas celebrações litúrgicas. Seus
escritos foram traduzidos para o grego e latim e, com adaptações, introduzidos
em muitíssimas recopilações; sob o impulso do grande, ainda que ingênuo,
entusiasmo e amor que se lhe professava, atribuíram-lhe falsamente muitas obras
que não o pertenciam.
A grandeza de Santo Efrém chegou ao seu ponto mais elevado
nos cantos de louvor à Mãe de Deus. Faltava ainda muito tempo para o Concílio
de Éfeso e já o pensamento de Efrém sobre ela havia adquirido um grande desenvolvimento
e aprofundamento. Nela contempla e celebra a extraordinária beleza e vê
refulgir nela, mediante uma co-participação extremamente contínua e
privilegiada, a conformidade com Cristo: o Senhor e sua Mãe são os únicos seres
perfeitamente belos neste mundo contaminado; na Senhora, resplandece uma
semelhança com Deus única e excepcional. Estes pensamentos são expressados de
maneira repetida por Efrém, sobretudo nos Hinos para a Natividade.
O padre Efrém teve, quando criança, um sonho ou uma visão:
saía uma videira de sua boca e crescia e enchia toda terra; e estava
completamente cheia de ramos; e vieram todos os pássaros do céu e comeram do
fruto da videira. Mas, quanto mais comiam, mais se multiplicavam os frutos.
Outra vez, um dos santos teve esta visão: um exército de
anjos descia do céu por ordem de Deus e levava um rolo na mão, ou seja, um
volume escrito de ambos os lados. E se perguntavam: "a quem devemos
confiá-lo?" Uns diziam: "a este"; outros diziam: "a este
outro"; finalmente, se decidiram e disseram: "verdadeiramente são
santos e dignos, mas a ninguém pode ser confiado este livro senão a
Efrém". Logo viu o ancião que entregavam o volume a Efrém; ... Ao
amanhecer, quando se levantou, ouviu como um fonte que brotava da boca de
Efrém, enquanto compunha, e soube assim que provinha do Espírito Santo o que
saía de seus lábios.
Um dia, enquanto Efrém passeava pelo caminho, surgiu uma
meretriz de emboscada para seduzi-lo ou, ao menos, para provocá-lo, posto que
ninguém o havia visto jamais preso pela ira. Ele a disse: "segue-me".
Quando chegaram a um lugar muito movimentado, disse-lhe: "faz o que queres
aqui, neste lugar". Mas ela, vendo a multidão disse: "como podemos
fazer diante desta grande multidão sem sentir vergonha?" E ele respondeu:
"se nos envergonhamos diante das pessoas, tanto mais deveríamos nos
envergonhar diante de Deus que escuta no segredo das trevas. E ela, cheia de
vergonha, afastou-se sem ter realizado o que pretendia.
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FONTE:
Vita e Detti dei Padri del Deserto, Cittá Nuova Editricci,
Roma, 1990.
Santo Efrém, o Sírio - II
frém, alcunhado "de Nísibe" ou simplesmente "o
Sírio", é incontestavelmente o mais fecundo, o mais importante e o mais
bem recebido autor de toda a literatura síria cristã. Nascido em 306 como filho
de pais cristãos em Nísibe ou nas proximidades, depois de ser batizado aderiu
aos ascetas "filhos da Aliança", entre os quais se contava também
Afraates, e carrega tradicionalmente o título de diácono. Sob o primeiro bispo
de Nísibe, Tiago (+ 338), por ele venerado como seu próprio mestre, ele próprio
atuou como professor em Nísibe. Nesta época surgiu a maior parte de seus
célebres Carmina Nisibena (1-34), bem como os hinos De paradiso, Contra
haereses e De fide. O resultado da campanha persa do imperador Juliano
"Apóstata" (abril-junho de 363) - Juliano tombou em combate, e seu
sucessor Joviano deixou Nísibe para os persas - foi catastrófico para a cidade
de Nísibe, que durante a vida de Efrém havia resistido heroicamente a três
cercos por parte dos persas (338, 346, 350). Efrém, em seus "Hinos contra
Juliano" e nos "Hinos sobre a Igreja", que os antecederam,
decanta o acontecimento como um duro, porém merecido castigo pela volta de
Juliano aos antigos cultos dos deuses e por seu procedimento em relação aos
cristãos. Como no tratado de paz com Joviano os persas haviam insistido na
deportação da maior parte da população romana de Nísibe, também Efrém mudou-se
em 364 para Edessa, onde continuou a atuar como professor durante os dez anos
restantes de sua vida, até sua morte a 9 de junho de 373. Mas não fica claro
qual o papel por ele desempenhado na fundação da célebre "escola dos
persas", que por algumas fontes é atribuída a ele. Seja como for, os anos
em Edessa parecem ter sido cheios de incansável trabalho, embora não se possa
dizer com segurança quais de suas numerosas obras foram escritas durante este
período; mas certamente figuram entre elas o comentário ao Diatessaron de
Taciano (cf. cap. III.I.C.2) e os "Hinos sobre a fé" antiarianos.
A atuação e importância de Efrém ultrapassam de longe o
universo língua siríaca. É verdade que ele próprio escreve exclusivamente em
siríaco, mas já durante sua vida - o que é um fato sem paralelo neste terreno -
ele encontrou bom acolhimento por parte tanto da igreja grega como da igreja
latina. Jerônimo o incluiu em seu livro De viris illustribus [115], e refere
que as obras de Efrém eram lidas na igreja após a leitura da Sagrada Escritura;
ele próprio teria lido na tradução grega seu escrito sobre o Espírito Santo. O
historiador Sozômeno atesta que no começo do século V dispunha de uma grande
parte das obras de Efrém em tradução grega [h e III 16,4]. Hoje, porém, muita
coisa inautêntica foi introduzida na ampla tradição do Ephraem Graecus; o mesmo
vale também para a tradição textual latina e armênia. Sua importância na igreja
ocidental, atual até os dias de hoje, é realçada pelo título honorífico de
"Doutor da Igreja" que lhe foi conferido pelo Papa Bento XV em 5 de
outubro de 1920, o que o coloca entre os grandes Padres da Igreja (cf.
Introdução II).
A fama literária de Efrém deriva, sobretudo de seus
artísticos hinos, memre (discursos métricos) e madrashe (cânticos) teológicos,
ascéticos e litúrgicos, que certamente têm seu ponto alto nos sete últimos
"hinos sobre a fé" [81-87] antiarianos, meditações sobre a
tradicional lenda da origem das pérolas em uma concha através da fecundação
pelo orvalho do céu, como imagem da concepção virginal de Maria. Com isto Efrém
faz desabrochar ao máximo a típica e já tradicional forma síria de fazer
teologia; já o primeiro autor sírio, Bardesanes, a teria inaugurado, e ela
desempenha um papel importante na maioria dos teólogos sírios, de forma
eminente p. ex. em Romano o Melodioso de Emesa (+ 560). Basicamente a teologia síria
pensa menos em conceitos e em argumentação discursiva do que o faz sobretudo a
teologia latina, e em menor escala também a grega; ela pensa sobretudo através
de histórias, imagens e símbolos, que se deixam apreender melhor sob a forma de
poesias, cânticos e orações. Esta maneira de pensar constitui o traço básico da
teologia de Efrém. Para ele a raiz de todos os erros teológicos fundamenta-se
no desejo de querer apreender Deus com o pensamento filosófico, racionalista,
quando ele só pode ser percebido através das imagens e dos símbolos com que os
dois "livros da revelação", a Sagrada Escritura e a criação, apontam
para ele. Por isso, na cristologia Efrém parte dos títulos bíblicos de Cristo
(rei, pastor, noivo, médico); na doutrina trinitária parte da natureza (sol,
fogo, raio, calor, Pai e Filho como árvore e fruto); na soteriologia ele
compara o paraíso com a arca de Noé e com o Monte Sinai, e descreve a redenção
como o "caminho do madeiro ao madeiro" (da árvore do paraíso à cruz
de Cristo). É verdade que tal linguagem simbólica também pode ser encontrada
nos Padres gregos e ocidentais, mas em Efrém sua plenitude, qualidade poética e
papel teológico vão muito além.
Além disto, Efrém é comprovadamente também um mestre da prosa
artística siríaca, como o comprovam suas cinco refutações contra Marcião, Mani
e Bardesanes, e suas homilias e cartas.
Bento XVI apresenta Santo Efrém da Síria
Intervenção durante a audiência geral
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28 de Novembro de 2007 | 2545 visitas
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de novembro de 2007
(ZENIT.org).- Publicamos a intervenção que Bento XVI pronunciou nesta
quarta-feira durante a audiência geral, na qual meditou sobre a figura de Santo
Efrém, considerado como o maior dos padres da Igreja da Síria.
* * *
Queridos irmãos:
Segundo uma opinião comum hoje, o cristianismo seria uma
religião européia, que teria exportado a cultura deste continente a outros
países. Mas a realidade é muito mais complexa, pois a raiz da religião cristã
se encontra no Antigo Testamento e, portanto, em Jerusalém e no mundo semítico.
O cristianismo se alimenta sempre desta raiz do Antigo Testamento. Sua expansão
nos primeiros séculos aconteceu tanto para o Ocidente como para o mundo
greco-latino, onde depois inspirou a cultura Européia, como para o Oriente, até
a Pérsia, Índia, ajudando deste modo a suscitar uma cultura específica, com
línguas semíticas, e com uma identidade própria.
Para mostrar esta multiformidade cultural da única fé cristã
dos inícios, na catequese da quarta-feira passada falei de um representante
deste outro cristianismo, Afraates o sábio persa, para nós quase desconhecido.
Nesta mesma linha, quero falar hoje de Santo Efrém o sírio, nascido em Nisibis
em torno do ano 306, no seio de uma família cristã.
Foi o representante mais importante do cristianismo no idioma
sírio e conseguiu conciliar de maneira única a vocação de teólogo com a de
poeta. Formou-se e cresceu junto a Tiago, bispo de Nisibis (303-338), e junto a
ele fundou a escola teológica de sua cidade. Ordenado diácono, viveu
intensamente a vida da comunidade local até o ano 363, no qual Nisibis caiu nas
mãos dos persas. Então Efrém imigrou para Edesa, onde continuou pregando.
Morreu nesta cidade no ano 373, ao ser contagiado de peste em sua obra de
atenção aos enfermos.
Não se sabe realmente se ele era monge, mas em todo caso é
certo que decidiu continuar sendo diácono durante toda a sua vida, abraçando a
virgindade e a pobreza. Deste modo, no caráter específico de sua cultura,
pode-se ver a comum e fundamental identidade cristã: a fé, a esperança – essa
esperança que permite viver pobre e casto neste mundo, pondo toda expectativa
no Senhor – e por último a caridade, até oferecer o dom de si mesmo no cuidado
dos enfermos de peste.
Santo Efrém nos deixou uma grande herança teológica: sua
considerável produção pode reagrupar-se em quatro categorias: obras escritas em
prosa (suas obras polêmicas e os comentários bíblicos); obras em prosa poética;
homilias em verso; e por último, os hinos, sem dúvida a obra mais ampla de
Efrém. É um autor prolífico e interessante em muitos aspectos, mas sobretudo
desde o ponto de vista teológico.
O caráter específico de seu trabalho consiste em unir
teologia e poesia. Ao aproximar-nos de sua doutrina, temos de insistir desde o
início nisso: ele faz teologia de forma poética. A poesia lhe permite
aprofundar na reflexão teológica através de paradoxos e imagens. Ao mesmo
tempo, sua teologia se torna liturgia, se torna música: de fato, era um grande
compositor, um músico. Teologia, reflexão sobre a fé, poesia, canto, louvor a
Deus, estão unidos; e precisamente por este caráter litúrgico, aparece com
nitidez na teologia de Efrém a verdade divina. Na busca de Deus, ao fazer
teologia, segue o caminho do paradoxo e do símbolo. Privilegia as imagens
opostas, pois lhe servem para sublinhar o mistério de Deus.
Agora não posso falar muito dele, em parte porque é difícil
traduzir a poesia, mas para dar ao menos uma idéia de sua teologia poética,
quero citar passagens de dois hinos. Antes de tudo, e frente também ao próximo
Advento, eu vos proponho umas esplêndidas imagens tomadas dos hinos «Sobre a
natividade de Cristo». Diante de Nossa Senhora, Efrém manifesta com inspiração
sua maravilha:
«O Senhor veio a ela
para tornar-se servo.
O Verbo veio a ela
para calar em seu seio.
O raio veio a ela
para não fazer ruído.
O pastor veio a ela,
e nasceu o Cordeiro, que chora docemente.
O seio de Maria
trocou os papéis:
quem criou tudo
apoderou-se dele, mas na pobreza.
O Altíssimo veio a ela (Maria),
mas entrou humildemente.
O esplendor veio a ela,
mas vestido com roupas humildes.
Quem tudo dá
experimentou a fome.
Quem dá de beber a todos
sofreu a sede.
Saiu dela nu,
quem tudo reveste (de beleza)» (Himno «De Nativitate» 11,
6-8)
Para expressar o mistério de Cristo, Efrém utiliza uma grande
variedade de temas, de expressões, de imagens. Em um de seus hinos põe em
relação Adão (no paraíso) com Cristo (na Eucaristia).
«Foi fechando
com a espada do querubim,
até deixar fechado
o caminho da árvore da vida.
Mas para os povos,
o Senhor desta árvore
entregou-se ele mesmo como alimento,
como oblação (eucarística).
As árvores do Éden
foram dadas como alimento
ao primeiro Adão.
Por nós o jardineiro
do Jardim em pessoa
fez-se alimento
para nossas almas.
De fato, todos nós havíamos saído
do Paraíso junto com Adão,
que o deixou às suas costas.
Agora que foi retirada a espada,
abaixo (na cruz) pela lança
podemos regressar» (Hino 49, 9-11)
Para falar da Eucaristia, Efrém utiliza duas imagens: as
brasas ou o carvão ardente, e a pérola. O tema das brasas está tomado do
profeta Isaías (cf. 6, 6). É a imagem do serafim, que toma as brasas e toca
simplesmente os lábios do profeta para purificá-los; o cristão, pelo contrário,
toca e digere as próprias Brasas, o próprio Cristo:
«Em teu pão se esconde o Espírito,
que não pode digerir-se;
em teu vinho está o fogo, que não pode beber-se.
O Espírito em teu pão, o fogo em teu vinho:
esta é a maravilha acolhida por nossos lábios.
O serafim não podia aproximar seus dedos das brasas,
E elas só puderam aproximar-se os lábios de Isaías;
nem os dedos as tomaram, nem os lábios as digeriram;
mas o Senhor concedeu a nós ambas coisas.
O fogo desceu com ira para destruir os pecadores,
mas o fogo da graça desce sobre o pão e ali permanece.
Em vez do fogo que destruiu o homem,
comemos o fogo no pão
e fomos salvos» (Hino «De Fide», 10, 8-10).
Outro exemplo dos hinos de Santo Efrém, onde fala da pérola
como símbolo da riqueza e da beleza da fé:
«Coloquei (a pérola), irmãos, na palma de minha mão
para poder examiná-la.
Observei-a por todos os lados:
tinha o mesmo aspecto desde todos os lados.
Assim é a busca do Filho, inescrutável,
pois é totalmente luminosa.
Em sua limpidez, vi o Límpido,
que não se opaca;
em sua pureza,
vi o símbolo do Corpo de nosso Senhor,
que é puro.
Em seu caráter indivisível, vi a verdade,
que é indivisível» (Hino sobre a Pérola 1, 2-3).
A figura de Efrém continua sendo plenamente atual para a vida
de várias Igrejas cristãs. Nós o descobrimos em primeiro lugar como teólogo,
que a partir da Sagrada Escritura reflete poeticamente sobre o mistério da
redenção do homem realizada por Cristo, Verbo de Deus encarnado. Faz uma
reflexão teológica expressa com imagens e símbolos tomados da natureza, da vida
cotidiana e da Bíblia. Efrém confere à poesia e aos hinos para a Liturgia um
caráter didático e catequético; trata-se de hinos teológicos e ao mesmo tempo,
adequados para ser recitados no canto litúrgico. Efrém se serve destes hinos
para difundir, por ocasião das festas litúrgicas, a doutrina da Igreja. Com o
passar do tempo, eles se converteram em um instrumento catequético sumamente
eficaz para a comunidade cristã.
É importante a reflexão de Efrém sobre o tema de Deus
criador: na criação não há nada isolado, e o mundo é, junto à Sagrada
Escritura, uma Bíblia de Deus. Ao utilizar de maneira equivocada sua liberdade,
o homem inverte a ordem do cosmos. Para Efrém, dado que não há Redenção sem
Jesus, tampouco há Encarnação sem Maria. As dimensões divinas e humanas do
mistério de nossa redenção se encontram nos escritos de Efrém; de maneira
poética e com imagens tomadas fundamentalmente das Escrituras, ele antecipa o
fundo teológico e em certo sentido a própria linguagem das grandes definições
cristológicas dos Concílios do século V.
Efrém, honrado pela tradição cristã com o título de «cítara
do Espírito Santo», decidiu continuar sendo diácono de sua Igreja durante toda
a vida. Foi uma decisão decisiva e emblemática: foi diácono, ou seja servidor,
seja no ministério litúrgico, seja de maneira mais radical no amor a Cristo,
cantado por ele de maneira sem par, por último na caridade aos irmãos, a quem
introduziu de forma excepcional no conhecimento da Revelação divina.
[Traduzido por Zenit. Após a audiência, o Papa saudou os
peregrinos em língua portuguesa:]
Aos peregrinos vindos do Brasil e de Portugal, como penhor de
abundantes dons divinos, concedo de bom grado minha Bênção Apostólica.
© Copyright 2007 – Libreria Editrice Vaticana
(28 de Novembro de 2007) © Innovative Media Inc.
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!