A
tradição cristã forjou, no correr dos séculos, a imagem das “7 dores” e “7
alegrias” de Maria. O número 7 é inspirador. Evoca perfeição, completude. O
sete evoca dois símbolos: 3 + 4. Para nós, o “três” sinaliza a unidade na
diversidade (a trindade), enquanto que o quatro faz lembrar a abrangência do
mundo e os quatro elementos básicos (água, terra, energia, ar). Felizmente, não
existe nenhuma definição sobre o número e a denominação das dores e das
alegrias de Maria. Portanto, a tradição viva da Igreja pode modificar, com
liberdade, esta lista.
Há uma conjugação bela entre “dores” (ou
tristezas) e “alegrias”. Todo ser humano, na medida em que faz uma opção de
vida e persevera nela, enfrenta oposição e passa por dificuldades. Assim
aconteceu também com Maria. Por outro lado, quem escolhe o caminho do Bem,
mesmo que siga um caminho pedregoso, experimenta belos momentos de consolo,
prazer, contentamento e confirmação interior. A pessoa, que se faz aprendiz da
vida, aprende tanto com as alegrias quanto com as dores.
No entanto, a tradição católica deu
muito mais ênfase às dores de Maria do que às suas alegrias. É momento de
resgatar com intensidade as suas alegrias. A partir dos Evangelhos, lidos com o
olhar de hoje, podemos identificar ao menos sete alegrias de Maria.
(1) O
contentamento na anunciação (Lc 1,26
): A primeira palavra dirigida a Maria
é exatamente esta. O anjo de Deus a convida a alegrar-se em Deus. Aliás, todo o
relato da infância em Lucas está encharcada por este sentimento de alegria.
Quando o messias vem, o povo se alegra. Maria prova uma imensa alegria ao
receber o convite de Deus. Sente-se de fato agraciada e envolvida num convite
encantador.
(2) A
alegria do encontro com Isabel: Maria se dirige às pressas para visitar sua
parenta. Quando se encontram, Isabel é tomada de euforia. Proclama que Maria é
“bendita entre as mulheres”, título no qual ecoa a participação de Maria no
projeto salvífico de Deus. Que cena linda a ser contemplada: o encontro das
duas mulheres, o cuidado cotidiano de uma com a outra, os sonhos e as
esperanças em torno ao filho que vai nascer. Maria experimenta a alegria de ser
missionária, de partilhar seu tempo e suas energias com alguém que necessita de
proteção e ajuda. De fato, há mais alegria em dar do que em receber!
(3) O
cântico alegre de Maria: Lucas coloca nos lábios do Maria um belo cântico,
durante a visita a Isabel. Este canto de louvor de Maria foi chamado de
“Magnificat”, primeira palavra da sua tradução latina, que significa
“engrandecer”, ou “cantar as maravilhas”. Maria está cheia do Espírito Santo e
proclama as grandezas de Deus na sua história pessoal e na história de seu
povo. É um cântico de alegria e de consciência profética. Maria nos ensina a
exercitar a ação de graças, a reconhecer e a proclamar com alegria os sinais de
Deus na existência pessoal e nas práticas coletivas.
(4) O
nascimento de Jesus: Lucas nos diz que o nascimento de Jesus foi motivo de
alegria para todo o povo, a começar dos mais pobres, representados pelos
pastores. Há alegria no céu e na terra! Todas as pessoas do Bem sentem-se
amados por Deus, no momento em que o Filho assume a natureza humana. Maria
participa desta alegria de maneira única, como protagonista. Ela é a mãe do
filho de Deus encarnado. Gerou, gestou e deu à luz à Jesus. O natal é festa de
alegria!
(5) Alegria
na missão de Jesus: Pouca gente descobriu este contentamento especial que
Maria provou, ao ver seu filho anunciar o Reino de Deus, curar os doentes,
acolher os pobre e marginalizados, formar os discípulos e discípulas. Esta
alegria não está descrita nos evangelhos, a não ser na cena de Caná. Maria e os
discípulos experimentam um imenso prazer, quando percebem que Jesus é o vinho
novo! Ele realiza as grandes esperanças de seu povo. Quanta alegria Maria
viveu, ao acompanhar a missão de seu filho, como a perfeita discípula!
(6)
Euforia da ressurreição: Depois de viver a decepcionante e trágica
experiência da morte de Cruz, Maria e os seguidores de Jesus provaram uma
alegria sem par. Jesus está vivo! Ele nos dá a paz. Ele venceu a morte! A
ressurreição fez a comunidade de Jesus compreender que este Homem de Nazaré é o
Filho de Deus! Com este novo olhar, compreenderam tantas coisas que Jesus fez e
disse. Maria participa da ressurreição de Jesus de forma original: refaz lembranças,
ilumina fatos, nutre sua fé, está presente como mãe da comunidade.
(7) Alegria
de Pentecostes: O mesmo Espírito de Deus, que fecundou Maria e acompanhou
Jesus, agora fecunda a comunidade cristã. Cria a comunhão na diversidade, reúne
o novo Povo de Deus para além das fronteiras do judaísmo. Maria, que junto com
outras mulheres e os familiares de Jesus, esteve em oração com os onze
discípulos, acompanha a comunidade de forma discreta. É o tempo da história! A
alegria de Maria e dos outras seguidores de Jesus se transforma na nossa
alegria.
Ao percorrer as sete alegrias de Maria,
cada cristão se reconhece nelas. Nossa vida de fé está marcada por estes sinais
de Deus que nos consolam, nos fortalecem e nos estimulam. Com Maria, cantamos
alegres: “O Senhor fez em nós maravilhas, Santo é o seu nome”.
Alergia no tempo pascal
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