O Evangelho de João
Maria,
mediadora da fé (Caná), mãe da comunidade (sob a cruz) e figura da Igreja e da
nova criação. Para João, Maria é mais que mera personalidade (pessoa): é
personalidade corporativa. Seu significado supera a pessoa individual. Ela
possui uma imensa ressonância simbólica, ela representa a comunidade eclesial,
a Humanidade salva. João tem uma alta mariologia, uma mariologia simbólica. A
Maria de João transcende infinitamente a Maria de Nazaré. Assim, existe um
processo de carecimento do entendimento sobre a figura de Maria e do Mistério
da virgem nos evangelhos. Carecimento este que é continuo e que está evoluindo
ainda hoje.
No
Novo Testamento, todos os evangelistas, de acordo com a realidade da sua
comunidade de fé, apresentam um retrato de Maria. Mas, todos eles nos
apresentam Maria como Discípula e Mensageira do Evangelho. Vamos voltar nossa
atenção para Maria que é nossa mestra e modelo de discipulado, para que sejamos
bons discípulos e mensageiros da Boa Nova de Jesus.
João
destaca a presença de Maria no início e no final do Evangelho. Ela é sempre
chamada de "Mãe de Jesus" e tratada como "mulher". Nas
Bodas de Caná, Maria é mulher atenta as necessidades. Ela percebe a falta de
vinho e toma providencia. É mulher de iniciativa. Com esta atitude, Maria
mostra que a Igreja precisa de pessoas com iniciativa, capazes de perceber as
necessidades do povo e dispostos a fazer tudo o que Jesus mandar. No final do
Evangelho, Maria aparece junto a cruz de Jesus. É mulher forte que fica de pé
diante da cruz. Aí, Maria é encomendada aos cuidados do discípulo e o discípulo
encomendado aos cuidados da mulher. Maria recebe a missão de ser a mãe da
comunidade de Jesus, mãe de todos aqueles e aquelas que acolhem e vivem a
Palavra de Deus. Maria é a Mãe de Jesus e a Mãe da Igreja.
O papel que Maria ocupa na Bíblia é discreto. Os dados
estritamente biográficos derivados dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem
donzela virgem (em grego παρθένος), quando concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era
uma mulher verdadeiramente devota e corajosa. O Evangelho de João menciona que
antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João e a
Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, filha da
Nova Eva.
Jo 2,1-11 – As bodas de
Caná. A mãe da comunidade, no quarto evangelho
Em João Maria aparece
duas vezes, porém seu nome não é citado, ela é chamada apenas de ‘mãe”e depois
de”mulher”.
É o episódio
cristológico, e Maria aparece exercendo um papel de Mãe e Medianeira.
Jo 2,3 – eles não têm
mais vinho... o teor de pergunta e de pedido
Jo 2, 4 – que queres de
mim mulher?
Jo 2,5 fazei tudo... aqui
tem uma correlação com faraó – Gn 41,55 – Jesus pode ser visto como um novo
José, que dá pão e vinho.
e a resposta é
messiânica...06 talhas de 80 litros = 480
litros
Bodas de Caná: a ação
simbólica de Maria
Continuemos
a percorrer o texto da cena da Caná. Vejamos os símbolos no relato de Jo
2,5-11. Assim, pode-se compreender o sentido profundo da ação de Jesus e da
intervenção de Maria.
A
ação e a palavra de Maria (v.5): É comum no quarto evangelho que haja momentos
de impasse e “mal entendido” entre Jesus e seus interlocutores. Enquanto eles
estão num nível de compreensão superficial, de “baixo”, Jesus fala das
realidades “do alto”, mais profundas e além das aparências. É preciso dar um
salto de fé, para passar de um nível ao outro. Às vezes, há discussões longas,
com vários mal entendidos Assim acontece, por exemplo, nos diálogos com
Nicodemos e com a Samaritana (Jo 3,1-12 e Jo 4,6-27), ou na conversa com a
multidão, sobre o pão da vida (Jo 6,26-58). Jesus fala em nascer de novo e
Nicodemos entende de forma literal, como se alguém tivesse que voltar ao útero
materno. Jesus anuncia a água viva à Samaritana, e ela pensa na água do poço.
Jesus fala do pão como “minha carne” e eles se escandalizam.
Ao
contrário dos outros interlocutores, Maria rapidamente salta para o nível de
fé, sem discutir com Jesus. Entende o que ele quer. Compreende que não se trata
somente de resolver um problema de falta de vinho, de atender a uma necessidade
concreta. Mas sim, o que este fato vai ajudar as pessoas a conhecerem melhor
quem é Jesus e se posicionarem diante dele.
Maria
se volta para os serventes: “Façam tudo o que ele lhes disser” (Jo 2,5). Essas
palavras têm uma grande força simbólica. Você se recorda da frase de Maria ao
final da anunciação, em Lucas: “Eis aqui a servidora do Senhor. Eu desejo que
se faça em mim conforme sua palavra” (Lc 1,36). Segundo João, Maria não só
realiza a vontade de Deus na sua vida, mas também orienta os outros a fazerem o
que Deus lhes pede. Há um deslocamento do foco e uma ampliação de sentido. Da
perfeita discípula e seguidora de Jesus, em Lucas, para a pedagoga e guia dos
cristãos, em João.
Da
água para o vinho (v. 6-10): Jesus faz o primeiro sinal de forma discreta. Nem
sequer dá uma benção ou evoca o nome de Deus. Tudo na simplicidade. O bom vinho
alegra as pessoas e faz a festa ficar melhor ainda. Mas por que João coloca
como primeiro sinal de Jesus a transformação da água em vinho, numa festa de
casamento? Porque não uma cura ou expulsão de demônios? O primeiro sinal de
Jesus pretende começar a revelar quem ele é para nós. A partir do sinal,
entendemos que Jesus é o vinho novo para e existência humana. Ele é capaz de
transformar as situações desafiadoras em festa e alegria compartilhadas.
Nas
Escrituras Judaicas, o vinho simboliza a felicidade e a abundância que
acontecerá para todos, quando o Messias chegar (Ver Os 2,23s e 14,8; Am 9,13s;
Is 25,6 e 62,5; Jr 31,12; Zc 9,17). No livro do Cântico dos Cânticos, o vinho
lembra o desejo entre o homem e a mulher, o amor que os fascina e os une, uma
imagem do grande amor de Deus pelo seu povo (Ct 1,2-4; 2,4; 4,10). Com o sinal
do vinho, Jesus está dizendo que ele é o vinho novo, que o dia do Messias está
chegando. Começou o tempo da graça, superando as situações de miséria e
tristeza.
Cada
detalhe do relato tem um sentido simbólico. As seis vasilhas de pedra,
destinadas à purificação dos judeus, aludem ao número da imperfeição, da
finitude humana (o seis), à frieza e dureza da lei judaica, que será superada
com Jesus. O chefe da festa não sabe da origem do vinho, como os chefes
judaicos não conhecem que Jesus vem do Pai. Somente os que servem sabem! As
talhas são enchidas até a borda, e têm muito vinho, quase 700 litros. Isso
significa que Deus nos oferece seus bens em abundância. Quem está com Jesus tem
vida sobrando. Jesus é o bom vinho, guardado até o momento do início da
manifestação dos sinais. Com ele, começa o tempo novo, que os evangelhos
sinóticos chamam de “Reino de Deus”.
O
sinal de Caná e a fé (v.11): Qual é o resultado da ação de Jesus, devido à
intervenção de Maria? João nos diz que Jesus “manifestou sua glória e seus
discípulos creram nele”. Jesus começa a mostrar quem ele é: não somente o
carpinteiro de Nazaré, mas uma pessoa que comunica vida e alegria, como Filho
de Deus. A glória para Jesus não é o poder e a fama mundanos, mas a capacidade
de realizar o bem e tornar Deus conhecido e amado.
Os
sinais de Jesus são uma ocasião para os discípulos exercitarem sua fé. Quem
crê, vê além do sinal. O sinal não força ninguém a acreditar, só abre a porta
do coração para a fé (Jo 2,11.23; 3,3, 4,54). Jesus mesmo não gosta das pessoas
que só acreditam quando vêem sinais. Ele até desconfia desse tipo de fé que
necessita sempre de sinais (Jo 2,23s). Jesus não gosta das pessoas que buscam
milagres só para resolverem seus problemas pessoais (Jo 6,26). À medida que
avança a missão de Jesus, os sinais também se mostram polêmicos.O último sinal
de Jesus, que é trazer Lázaro de volta a essa vida, causa divisão entre os
judeus. Uns acreditam nele, outros não (Jo 12,37), e alguns se posicionam de
forma violenta, organizando-se para matá-lo (Jo 11,45-54). Portanto, os sinais
são uma oportunidade para a fé, não uma prova miraculosa. Eles interpelam as
pessoas. E o primeiro sinal, o de Caná, abre caminho para os discípulos
entrarem na aventura da fé.
O
sinal que unifica (v.12) : Depois que Jesus faz seu sinal, o discípulos crêem
nele e saem juntos, com “sua mãe e seus irmãos”. O sinal de Caná une o grupo
dos seguidores de Jesus em torno a ele. A partir do gesto de Caná começa a se
formar o gérmen da comunidade cristã, com os discípulos, os familiares e a mãe
de Jesus.
Em Caná: aquela que aponta para Jesus
•
Jo
2,1-11: Maria leva os servidores-amigos de Jesus a “fazer tudo o que ele
disser” para que creiam nele e se reúnam em torno a Ele.
Fonte: A.Murad, Maria Toda
de Deus e tão humana. Paulinas.
Jo 19, 25-27 Maria ao pé
da cruz
Nesta cena Maria aprece em companhia de
João e de duas mulheres, entre elas Madalena. O apelativo “mulher” chama a
atenção, e há de ser compreendido em consonância com Gn 3,15 e Jo 2,4. Maria é
a mãe dos vivos, nova Eva. Ela não estava junto da cruz de Jesus, perto dele só
no sentido geográfico, mas também espiritual. Se em Caná a hora de Jesus não
tinha chegado, no Calvário foi a hora de Jesus
As
duas cenas; das bodas e da cruz, possuem correlação: em ambas aparece o termo
“hora”, “Mãe de Jesus” e “mulher”. Cada uma das mulheres representa a
comunidade de uma aliança: a mãe. A da antiga aliança, o resto de Israel, a
esposa fiel; Madalena, a comunidade da nova aliança. O papel da mãe, a antiga
comunidade, termina na cruz; o de Madalena começa nela...
Na cruz (Jo 19)
•
Maria
persevera na fé, quando não há mais sinais.
•
Maria
é adotada como Mãe da comunidade. Começa nova etapa de sua missão.
Maria
junto à cruz de Jesus
A mãe de Jesus, que aparece no início de sua
missão, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem nele, volta
de novo à cena. Dessa vez, não há nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o
momento da cruz desafia a fé. Maria faz parte do pequeno grupo que perseverou,
que não fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa
seguidora de Jesus, que permanece no seu amor. Manter-se de pé significa
persistência, constância e adesão. Junto com ela estão algumas
mulheres-discípulas: a irmã de Maria, Maria de Clopas (ou Cléofas) e Madalena.
E somente um homem, o “discípulo amado”, que a tradição cristã identificou com
o jovem apóstolo e evangelista João. Ele representa a comunidade cristã, o
grupo dos que seguem os passos de Jesus, tornando-se mais do que seus
servidores. São seus amigos (Jo 15,15).
Uma
característica importante do seguidor de Jesus é a perseverança, ou seja, o
compromisso de vida que se prolonga no tempo, vencendo as crises. Quando Jesus
pede para: “permanecer em mim e eu nele” (Jo 6,56; 15,4) ou “permanecer no meu
amor” (Jo 15,9) expressa uma sintonia profunda, uma comunhão de mente e de
coração. Este é o sentido da imagem da videira e dos ramos (15,1-11). Como
também: “Se vocês permanecerem na minha palavra, serão verdadeiramente meus
discípulos. Vocês conhecerão a verdade, e a verdade fará de vocês pessoas
livres” (cf. Jo 8,31s). Jesus promete: “Se vocês permanecerem em mim e as
minhas palavras permanecerem em vocês, peçam o que quiserem, e o Pai lhes
concederá” (Jo 15,7). Na primeira epístola de João também se diz desta atitude
de vida: “Quem pretende permanecer nele, deve também andar no caminho que Jesus
andou” (1 Jo 2,6).
Manter-se
junto à cruz expressa a atitude de estar em sintonia com Jesus, exercitando a
fé no momento de crise da morte e de sua passagem para o Pai. Maria, as
mulheres e o discípulo amado são os que perseveram neste momento crucial.
Permanecem com Jesus e em Jesus. É certo que este momento significou um grande
sofrimento para Maria. Mas, parece que perseverar assume mais importância do
que sofrer.
Qual
é o sentido do encontro de Maria com o discípulo amado, ao pé da cruz? Não é
resolver um problema de família, ou seja, quem iria tomar conta da mãe de Jesus
depois da morte dele. Nesse momento tão importante da cruz, João quer nos dizer
algo mais. Ele deixa impresso na memória de todos os cristãos que Maria não é
somente a mãe, que concebeu, gestou, deu à luz, nutriu e educou Jesus.
Novamente, ela é chamada de “mulher”, como em Caná (Jo 2,4 e 19,25). Seu lugar
está além dos laços de sangue e das relações familiares. Por vontade de Jesus,
Maria é adotada como mãe pela comunidade cristã de todos os tempos. O discípulo
amado, que representa a comunidade, recebe-a como mãe. E Maria é investida
nessa nova missão. Acolhe os membros da comunidade cristã como seus filhos.
A
morte-ressurreição é o momento no qual se constitui a comunidade-Igreja. Jesus
irá “reunir todos os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,51s). Este é o sentido
simbólico da cena que antecede o encontro na cruz. Os soldados tomam as roupas
de Jesus e as repartem em quatro partes (os quatro cantos da terra). Mas a
túnica permanece inteira (Jo 19,23s). A Igreja, nova comunidade messiânica,
será edificada em sua unidade a partir da cruz do Senhor.
O
discípulo amado representa a comunidade cristã, agraciada e escolhida por
Jesus, para a qual ele dedica seu afeto e atenção. Esta comunidade recebe Maria
como sua mãe. O evangelista diz “a partir daquela hora, o discípulo a acolheu
em sua familiaridade” (Jo 19,27). Isto é, naquilo que lhe é próprio, que o
constitui como pessoa. Ele não usa a palavra grega “oikos” (casa), mas sim
“ídia/ídios” (o que é característico de alguém).
Em
que consiste a missão de Maria, como mãe da comunidade? Provavelmente, a mesma
de Caná. A nossa mãe Maria poderá intervir junto ao Filho, pelos seus filhos.
Levará os servidores e amigos de Jesus a fazer o que ele disser. Possibilitará
que novas gerações de cristãos, como os primeiros discípulos, creiam em Jesus,
vejam sua glória, e se reúnam em torno dele. A cena de Maria junto à cruz
reúne, portanto, dois elementos fundamentais. A mãe de Jesus é a mulher
perseverante na fé até o último momento, junto com outros membros da comunidade
dos seguidores e amigos de Jesus. E, por vontade do próprio Jesus, é adotada
como mãe do discípulo amado, imagem e símbolo da Igreja.
O teor de Apocalipse 12,
1-17
A mulher que aparece aqui, no último
livro da Bíblia, é aquela de que se fala na primeira página da Bíblia, em
conflito com a serpente (Gn 3,15). É Eva, a primeira mulher. É também a
humanidade toda enquanto gera filhos que lutam contra as forças da morte e da
maldição. É o povo de Deus, chamado a defender a vida humana, transmitir a
benção de Deus a todos os homens e mulheres (cf. Gn 12,1-3) e consertar o mundo
estragado pela maldição. A mulher (também) é Nossa Senhora, em que se afunilou
toda esta luta contra a maldição e a morte. É Maria, a moça humilde e pobre de
Nazaré, enquanto gera o menino Jesus, esperança de libertação para todos.
Esta mulher, gritando em dores de parto,
representa a esperança de vida que existe no coração de todos, sobretudo dos
pobres. Esperança, ao mesmo tempo, frágil e forte. É frágil como a mulher na
hora de dar à luz: não tem defesa, nem pode lutar, pois está totalmente
entregue a doar a vida nova a um novo ser humano. Mas, por isso mesmo, ela é
forte, o ser mais forte do mundo! Sem as mulheres frágeis com coragem de dar à
luz, a vida já teria cessado sobre a face da terra e nós não teríamos nascido.
Aquela luta, anunciada por Deus, desde a
primeira página da Bíblia, atinge agora o seu ponto decisivo em Maria que dá à
luz ao menino Jesus. Maria representa todas as mães que geram filhos e que
garantem, assim, o futuro da humanidade. (Representa também) as mães que lutam
para transmitir aos filhos a sua esperança, a sua vontade imensa de ser gente.
Simboliza todas as pessoas que acreditam no bem e na vida, que lutam para que a
vida possa vencer a maldição que entrou no mundo pela serpente. Ela representa
sobretudo o “povo humilde e pobre que busca a sua esperança unicamente em Deus”
(Sf 3,12).
Dois
grandes sinais aparecem no céu: Uma mulher e um dragão. Uma batalha – o menino é arrebatado. O dragão
é destronado. Mulher é abrigada no deserto por 1260 dias = 3 anos e meio. Aqui
há referência ao nascimento do Messias, que é perseguido por Satanás. A figura
feminina não pode ser identificada com alguma personagem individual. Essa
mulher bela é a Filha de Sion, o povo messiânico. A mulher do Apocalipse assume
sucessivos aspectos no decorrer da história: Filha de Sion, Maria Santíssima e
Santa Mãe Igreja. A mulher de Ap 12 é mulher como tal, em sua função da
maternidade, já designada pelo nome de Eva, Em Gn 3,15, o Senhor quis colocar a
mulher, e não o homem, como protagonista da obra da Redenção.
A ausência do nome de Maria nos escritos
joaneus. Marcos usa o nome de Maria 01 vez; Mateus 05 vezes; Lucas 13 vezes no
evangelho e 01 vez nos Atos. João nunca. Isso não é ocasional, mas proposital.
João fala de José (Jo 6,42), ele atribui o nome Maria a várias mulheres: Maria
de Cleofas, Maria Madalena, Maria de Betânia, Maria, irmã de Lázaro. ...dentro
de todos os discípulos que devia conhecer a Mãe de Jesus, era João, porque João
não usa o nome de Maria, Mãe de Jesus?
Podemos
considerar duas respostas:
1. João omitiu o nome de Maria, porque lhe parecia um nome muito comum, sendo o
nome comum não preencheria a função em relação a Mãe de Jesus. 2. O quarto Evangelho fala muito do Pai de
Jesus; (10,30;14,9). A expressão “Mãe de Jesus”pode ser entendida como um
paralelo a “meu Pai = o Pai de Jesus”.
João completa o perfil de Lucas
acrescentando duas outras características. Ao apresentar Maria no início da
missão de Jesus (bodas de Caná) e no momento derradeiro (junto à cruz),
expressa que é uma pessoa significativa para Jesus e sua comunidade. Nos dois
relatos, Jesus não a chama de “mãe”, e sim de “mulher”, como o faz com outras
mulheres importantes, como a Samaritana e Madalena. Em Caná, Maria é
apresentada como a “pedagoga da fé”, que orienta os servidores para “fazer tudo
o que Jesus disser”. Ajuda a reunir os discípulos em torno a Jesus. Possibilita
a realização do primeiro sinal, que inicia o processo de acreditar em Jesus e
compreender quem ele é. Já na cruz, Maria aparece junto com as mulheres e o discípulo
amado, perseverante na fé, no momento em que cessam os sinais. Por vontade de
Jesus, há uma adoção recíproca. Ela assume a missão de mãe da comunidade
cristã, representada pelo “discípulo amado”, e a comunidade a acolhe como tal.
O
texto de Apocalipse 12 não é
originalmente mariano. A mulher, revestida de sol, com as estrelas debaixo dos
pés e as doze estrelas significa, em primeiro lugar, a comunidade-igreja, que
já experimenta neste mundo os frutos da glorificação de Jesus. De outro lado,
também sofre os ataques das forças do mal na história, é frágil, vive no
deserto (lugar de tentação e de encontro com Deus) e sente a solidariedade da
Terra. Como aconteceu com textos do Antigo Testamento, houve posteriormente uma
releitura de Ap 12, dando-lhe uma conotação mariana. Ela se apóia no fato de
Maria ser mulher e mãe do messias. Nas comunidades cristãs do século 4 nasce
assim a intuição de que ela participa, de forma singular, da glorificação que
será concedida a todos os seguidores de Jesus.
O
perfil bíblico de Maria é fundamental para elaborar uma mariologia consistente,
equilibrada e centrada em Jesus. A partir dele, corrige-se os exageros do
devocionismo e do maximalismo mariano. Estabelece-se assim elementos para o
diálogo enriquecer com outras Igrejas cristãs
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!