"Deus criou o homem à
sua imagem..." (Gn 1, 27)
1. A Bíblia diz: "Não
faça para você ídolos, nenhuma representação daquilo que existe no céu e na
terra, ou nas águas debaixo da terra" (Ex 20,4). Outros textos semelhantes
a este: imagens feitas por artesões (Dt, 27,15); já em 1 Sm 15,2) a idolatria é
considerada obstinação; Oséias 9,10 fala de pessoas consagradas à idolatria; em
At 17,16 Paulo revolta-se contra a idolatria; em 1Cor 10,14, onde Paulo pede que os cristãos fujam da idolatria; em Gl
5,20, Paulo chama de idolatria a feitiçaria e as inimizades; em Cl 3,5 o
apóstolo chama de idolatria o desejo maligno e a avareza', em 1 Pd 4,5, Pedro
considera que as bebedeiras, cobiças e gula são idolatrias abomináveis.
2. Encontramos também na
Bíblia textos onde Deus permite fazer imagens: produção de imagens de Querubins
(Ex 25, 18-20), Deus manda fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima de
uma haste (Nm 21, 8-9), Salomão enfeita o templo de Jerusalém com imagens de
Querubins, palmas, flores, bois e leões (1 Rs 6, 23-35; 7,29).
3. A Bíblia estaria entrando
em contradição?
Em alguns textos
manda fazer imagem, em
outros a proíbe?
É importante não tirar os textos de seus contextos. Do mundo bíblico,
estamos distante em termos de tempo, espaço e cultura. Muitas vezes, querendo assegurar uma
fidelidade literal, podemos trair o sentido verdadeiro do texto. Em fidelidade ao espírito bíblico, às vezes
temos que ir contra a letra da bíblia.
4. É proibido fazer imagens
não só de deuses falsos, de ídolos, mas também de Javé, Deus de Israel, que é
também o nosso Deus. Essa proibição era muito importante, porque os israelitas
tinham sempre a tentação de possuir uma estátua do seu Deus, como os outros
povos. Foi o que aconteceu quando construíram o bezerro de ouro (Ex, 32) para
adorá-lo como o deus que os tinha livrado do Egito. A idolatria centra- se no
aprisionar Deus em uma imagem. Transformá-lo num objeto que se pode controlar.
Utilizá-lo como um meio para conseguir o que se deseja. Um grave erro, porque
sou eu que devo fazer a vontade de Deus e não ele a minha. Em nossos dias a
Idolatria não é ter uma imagem para relembrar alguém importante que viveu o
Evangelho amando a Deus e aos irmãos. Mas está em colocar como centro da nossa
vida coisas terrenas e não Deus. Qualquer coisa que seja mais importante que
Deus em nossa vida é idolatria, por exemplo, o dinheiro e o poder.
5. O Deus verdadeiro é um
Deus que comunica livremente os seus dons as suas criaturas. É ele que toma a
iniciativa de vir ao nosso encontro através de sua palavra, revelando o que
quer de nós. A proibição de fabricar imagens ia contra a tendência de possuir
um Deus à nossa medida, à nossa disposição, sem respeitar a grandeza de Deus
que está infinitamente acima de todas as nossas pretensões.
6. Sabemos que somos criados
à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 26-31). Em Bom Jesus, a Palavra de Deus se
fez carne. O próprio Filho de Deus se tornou um homem verdadeiro. Ele assumiu um corpo como o nosso, para mostrar
através de seus gestos e palavras, de toda a sua vida, que Deus é amor. Por
isso, Paulo diz que o Bom Jesus é a
imagem do Deus
invisível. E o
próprio Bom Jesus acrescenta: "Quem me vê, vê o
Pai" (2Cor 1,15s). Por isso o Bom Jesus é o primeiro a estabelecer uma
nova relação entre os homens (comunhão dos santos).
7. Nenhum católico é tão
estúpido a ponto de pensar que aquele pedaço de madeira, gesso ou papel ouve e
atende a sua oração. Nós não adoramos as imagens do Bom Jesus, de Nossa Senhora
e dos santos e santas, mas as tratamos com respeito, como qualquer pessoa faz
com o retraio de um ente querido.
Colocar a imagem do Bom Jesus ou de Nossa Senhora num lugar de honra em
nossa casa é um gesto de fé: queremos dizer que eles são para nós as pessoas
mais importantes, que viveram o projeto de Deus. Tudo isso não tem nada a ver
com idolatria. No entanto, existem também católicos supersticiosos que atribuem
um poder mágico às imagens dos santos. Tratam a imagem como se fosse o próprio
santo, como uma espécie de amuleto, que garante por si mesmo proteção e
felicidade, enquanto que as imagens nos levam a refletir sobre pessoas que
centram suas vidas em Deus. Por isso, o culto das imagens, aprovado pela
Igreja, longe de cair na aberração da idolatria, ajuda o cristão a crescer na
sua fé no Deus do Bom Jesus.
8. É claro que só Cristo nos
salva, como nos ensina a Bíblia. Para a Igreja católica, não são os santos que
nos concedem as graças que pedimos a eles. Por isso dizemos: Santa Maria, mãe de
Deus, rogai por nós pecadores. Quando reza aos santos e santas a Igreja usa
sempre a fórmula: rogai por nós. Quer dizer, pede que eles roguem por nós a
Deus, para que eles nos concedam a graça que precisamos. Ao contrário, quando
se dirige a Cristo, a Igreja diz: Senhor, tende piedade de nós, como fez o cego
do Evangelho; porque Cristo, o Filho de Deus, recebeu do Pai o poder de dar a
vida e a salvação a toda a humanidade. Portanto, quando rezamos a um santo, não
o colocamos no lugar do Bom Jesus, como se ele fosse divino e tivesse o poder
de nos salvar. Pedimos somente que eles orem por nós a Deus. E isso não é absolutamente contra a Bíblia.
9. As cartas de Paulo contêm
muitas preces que ele faz pelos cristãos das Igrejas que tinha fundado. Por
exemplo, na carta aos fiéis de Colossenses diz: "Não paramos de rezar por
vós e de pedir que conheçais plenamente a sua vontade" (1,9). Na mesma
carta pede também as orações deles por si e por sua missão, dizendo:
"Rezai também por nós, para que Deus se digne abrir caminho para a
pregação, de modo que possamos anunciar o mistério do Bom Jesus, pelo qual
estou algemado" (4,3). Tiago diz na sua carta: "Orai uns pelos outros
para serdes curados. É de grande poder a oração assídua do justo" (5,16);
Mas, se recorremos à intercessão de nossos irmãos e irmãs aqui na terra, com
muito maior razão rezamos aos santos, para que obtenham de Deus as graças que
precisamos.
A devoção mariana e o
culto às imagens - Papa João Paulo II
Esta Instrução foi
proferida pelo João Paulo II na Audiência geral de 29 de outubro de 1998. Por
sua importância a transcrevemos aqui. Depois de ter justificado doutrinalmente
o culto da Bem-Aventurada Virgem, o Concílio Vaticano II exorta todos os fiéis
a tornarem-se os seus promotores: "Muito de caso pensado ensina o sagrado
Concílio esta doutrina católica, e ao mesmo tempo recomenda a todos os filhos
da Igreja que fomentem generosamente o culto da Santíssima Virgem, sobretudo o
culto litúrgico, que tenham grande estima às práticas e exercícios de piedade
para com ela, aprovados no decorrer dos séculos pelo Magistério".
Com esta última afirmação os
padres conciliares, sem chegar a determinações particulares, queriam reafirmar
a validade de algumas orações como o Rosário e o Ângelus, caras à tradição do
povo cristão e frequentemente encorajadas pelos Sumos Pontífices, como meios
eficazes para alimentar a vida de fé e a devoção à Virgem.
O texto conciliar prossegue
pedindo aos crentes que "mantenham fielmente tudo aquilo que no passado
foi decretado acerca do culto das imagens de Cristo, da Virgem e dos
Santos".
Repropõe assim as decisões do
II Concílio de Nicéia, que se realizou no ano 787 e confirmou a legitimidade do
culto das imagens sagradas, contra quantos queriam destruí-las, considerando-as
inadequadas para representar a divindade (cf. Redemptoris Mater, 33).
"Nós definimos" -
declararam os padres daquela assembleia conciliar - "com todo o rigor e
cuidado que, à semelhança da representação da cruz preciosa e vivificante,
assim as venerandas e sagradas imagens pintadas quer em mosaico quer em
qualquer outro material adaptado, devem ser expostas nas santas igrejas de
Deus, nas alfaias sagradas, nos paramentos sagrados, nas paredes e mesas, nas
casas e ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e Salvador nosso, Jesus
Cristo, ou a da Imaculada Senhora nossa, a Santa Mãe de Deus, dos santos anjos,
de todos os santos justos". Evocando essa definição, a Lumen Gentium
quis reafirmar a legitimidade e a validade das imagens sagradas em relação a
algumas tendências que têm em vista eliminá-las das igrejas e dos santuários, a
fim de concentrar toda a atenção em Cristo.
O II Concílio de Nicéia não
se limita a afirmar a legitimidade das imagens, mas procura ilustrar a sua
utilidade para a piedade cristã: "Com efeito, quanto mais frequentemente
estas imagens forem contempladas, tanto mais os que as virem serão levados à
recordação e ao desejo dos modelos originários e a tributar-lhes, beijando-as,
respeito e veneração".
Trata-se de indicações que
valem de modo particular para o culto da Virgem. As imagens, os ícones e as
estátuas de Nossa Senhora, presentes nas casas, nos lugares públicos e em
inúmeras igrejas e capelas, ajudam os fiéis a invocar a sua presença constante
e o seu misericordioso patrocínio nas diferentes circunstâncias da vida. Ao
tornarem concreta e quase visível a ternura materna da Virgem, elas convidam a
dirigir-se a Ela, a suplicar-lhe com confiança e a imitá-la, acolhendo com
generosidade a vontade divina.
Nenhuma das imagens
conhecidas reproduz o rosto autêntico de Maria, como já reconhecia Santo
Agostinho (De Trinitate 8,7); contudo, ajudam-nos a estabelecer relações
mais vivas com Ela. Deve ser encorajado, portanto, o uso de expor as imagens de
Maria nos lugares de culto e noutros edifícios, para sentir a sua ajuda nas
dificuldades e o apelo a uma vida cada vez mais santa e fiel a Deus.
Para promover o correto uso
das sagradas efígies, o Concílio de Nicéia recorda que "a honra tributada
à imagem, na realidade, pertence àquele que nela é representado; e quem venera
a imagem, venera a realidade daquele que nela é reproduzido". Assim,
adorando na imagem de Cristo a Pessoa do Verbo Encarnado, os fiéis realizam um
genuíno ato de culto, que nada tem em comum com a idolatria. De maneira
análoga, ao venerar as representações de Maria, o crente realiza um ato
destinado em definitivo a honrar a pessoa da Mãe de Jesus.
O Vaticano II exorta, porém,
os teólogos e os pregadores a evitarem tantos exageros como atitudes de
demasiada estreiteza na consideração da dignidade singular da Mãe de Deus. E
acrescenta: "Estudando, sob a orientação do Magistério, a Sagrada
Escritura, os santos Padres e Doutores, e as liturgias da Igreja, expliquem
como convém as funções e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem
todos respeito a Cristo, origem de toda a verdade, santidade e piedade"
(LG 67). A autêntica doutrina mariana é assegurada pela fidelidade à Escritura
e à Tradição, assim como aos textos litúrgicos e ao Magistério. A sua
característica imprescindível é a referência a Cristo: tudo, de fato, em Maria
deriva de Cristo e para Ele está orientado.
O Concílio oferece, por fim,
aos crentes alguns critérios para viverem de maneira autêntica a sua relação
filial com Maria: "E os fiéis lembrem-se de que a verdadeira devoção não
consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz
reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa
mãe e a imitar as suas virtudes" (LG 67).
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Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!