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Mariologia de Paulo

Mariologia de Paulo
Colocamos logo aqui a "mariologia" de Paulo, de pouco anterior a de Mc e parecida a dele. O Apóstolo também tem uma mariologia quase tão elementar como a de Mc. Seu único texto mariológico é Gl 4,4: "Feito de mulher... a fim de recebermos a adoção filial."
Gl foi escrita cerca de 56-57. É o primeiro texto mariano do NT. Quem sabe Maria estivesse ainda viva. Tê-la-ia visto Paulo em Jerusalém? É possível. Que dizer de Gl 4,4?
1. Seu sentido mariológico é genérico. "Nascido de mulher" (genómenon ek gynaikós) indica simplesmente a "condição humana", especialmente em seu aspecto fraco e mortal. Paulo não diz exatamente "nascido", mas "feito", talvez para dar a entender que o Filho preexistia desde sempre; Ele não vinha do nada.
2. "Feito de mulher" é uma expressão da kenose (humiliação ou esvaziamento) de Cristo. Corresponde a outras expressões paulinas, como "fez-se maldição" (Gl 3,13), "fez-se servo" (Fl 2,5-8), "fez-se pecado" (2Co 5,21). Por outras: ser "filho de mulher", fosse essa mulher Maria, não era para Jesus sinal de glória, mas antes de humilhação.
3. O interesse do texto e estritamente cristológico. É Jesus o foco de todo o texto, sendo Maria apenas figura de contraste em relação à "filiação divina", tanto de Jesus, como à nossa. Portanto, só indireta e incidentalmente Gl 4,4 é mariológico. Além disso Maria, nesse texto, permanece anônima: não é nomeada, mas apenas designada com a "mulher" - uma mulher como qualquer outra, sem uma identidade pessoal. Maria só entra aí em função de Cristo, como instrumento quase impessoal de sua vinda.
4. Assim mesmo, pode-se sustentar que Gl 4,4 contém uma mariologia "germinal". Pois, mesmo se, como Mc, Paulo, em sua mente, não atinou com o "mistério" de Maria, seu texto carrega objetivamente uma mariologia "em germe". Falamos aqui do sensus plenior (sentido mais pleno) de Gl 4,4, isto é, do sentido querido pelo ES. Aí tem razão G. Söll quando afirma: "É o texto mariológico mais significativo do NT." Eis, pois, alguns dados mariológicos básicos que se podem depreender de Gl 4,4:



No arco da História da salvação, Maria se situa precisamente no tempo do pléroma (plenitude). Seu lugar é, pois, no "centro escatológico" (definitivo) da história.




Ela está estreitamente relacionada com o Filho e com seu "envio". Aqui a mariologia aparece como absolutamente cristocêntrica. O filho de Deus torna-se filho de Maria. Ela serve de caminho para a vinda de Deus até nós em seu Filho.



É Maria que possibilita a "adoção filial" (huiothesía), conceito exclusivo de Paulo (cf. Rm 8,15.23; 9,4; Ef 1,45). Assim, o Filho que "nasce sob a Lei para redimir da lei", faz-se igualmente "filho de uma mulher" com o fim de fazer do ser humano "filho de Deus". Assim, essa Mulher é também o caminho pelo qual vamos a Deus. 

  

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