A
quem: A três pescadores. Festa: 12 de Outubro.
Histórico.
Em
1717 três pescadores, após frustrada tentativa de apanhar peixes no rio Paraíba
do Sul perto de Guaratinguetá (SP), colheram em suas redes o corpo de uma
estátua de Maria SS. e, depois, a cabeça da mesma. A este fato se seguiu farta
pescaria, que surpreendeu os três homens. Tendo limpado e recomposto a imagem,
expuseram-na à veneração dos fiéis em casas de família.
Verificaram-se,
porém, alguns portentos, que chamaram a atenção do Pe. José Alves Vilela,
pároco de Guaratinguetá.
Este então decidiu construir para a Santa Mãe uma
capela capaz de satisfazer ao crescente número de devotos da Virgem. Tal capela
foi substituída por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou
o nome de “Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte). Em 1846 foi iniciada
a construção de templo mais vasto, que ainda hoje subsiste. No ano de 1980 foi
concluída monumental basílica, alvo de peregrinações numerosas durante o ano
inteiro. Em 1930 o Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida
pelo Cardeal D. Sebastião Leme na presença do Sr. Presidente da República e de
numerosas autoridades religiosas, civis e militares.
Os
acontecimentos de fins de 1995 chamaram a atenção para Maria Santíssima tal
como é venerada em Aparecida do Norte (SP) e no Brasil inteiro na qualidade de
Padroeira do nosso país. Sabe-se que tal devoção se deve a uma pesca
surpreendente cercada de fatos extraordinárias, que suscitaram a piedade dos
fiéis da região de Guaratinguetá e, posteriormente, a da população de todo o
Brasil. Em 1930 a Virgem Santíssima foi proclamada Padroeira do Brasil sob o
título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (ou Nossa Senhora Imaculada em
sua Conceição e Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul).¹
Já
que versões diversas correm sobre o desenrolar dessas aparições e os atos
subseqüentes, apresentaremos, a seguir, a genuína história dos eventos
registrados.
1.
Aparição e as primeiras manifestações populares (1717-1745)
Como
se deu a manifestação de Nossa Senhora Aparecida?
Eis
o que relatam os documentos históricos:
Em
princípios do séc. XVIII lutas, por vezes sangrentas, agitavam os exploradores
dos veios de ouro em Minas Gerais.
Em
março de 1717, embarcou em Lisboa, com destino ao Rio, Dom Pedro de Almeida e
Portugal, Conde de Assumar, que vinha substituir Dom Braz Balthasar da Silveira
no governo da Capitania de São Paulo e Minas.
Chegando
ao Rio em junho de 1717, o Conde de Assumar mostrou-se logo interessado em
conhecer a situação da sua capitania. Seguiu, pois, em agosto para São Paulo,
sede do governo respectivo, do qual tomou posse aos 4 de setembro do mesmo ano.
Em vista, porém, dos tumultos registrados em Minas por motivo das minas de
ouro. Dom Pedro de Almeida e Portugal resolveu dirigir-se ao local das
desordens. Partiu, portanto, de São Paulo aos 25 ou 26 de setembro de 1717,
deixando como substituto nessa cidade Manoel Bueno da Fonseca, oficial de
grande patente.
Após
cerca de 17 dias de viagem, isto é, aos 11 ou 12 de outubro de 1717, chegava o
Conde de Assumar, com sua comitiva, à região de Guaratinguetá. Entre os
acontecimentos faustosos que então se deram relatam os manuscritos da época o
seguinte:
A
Câmara da Vila notificou então os pescadores que apresentassem todo o peixe que
pudessem haver para o dito governador. Entre muitos, foram pescar em suas
canoas Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso e, principiando a
lançar suas redes no porto de José Corrêa leite, continuaram até o porto de
Itaguassú, distância bastante, sem tirar peixe algum. E lançando neste porto
João Alves a sua rede, de rasto tirou o corpo da Senhora, sem cabeça, e,
lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça de mesma Senhora, não se
sabendo nunca quem ali a lançasse.
“E,
continuando a pescaria, não tendo até então peixe algum, dali por diante foi
tão copiosa em poucos lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que
tinham nas canoas, ele e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados
deste sucesso” (cf. Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio
Machado, A Basílica de Aparecida).
Eis
o que referem os documentos mais antigos em torno do aparecimento da Virgem.
A
título de ilustração, pode-se acrescentar que o porto de José Corrêa Leite,
donde partiram os três mencionados pescadores, se achava à margem esquerda do
rio Paraíba no bairro Tetequera (município de Pindamonhangaba). A imagem
encontrada media 38 cm de altura e apresentava cor bronzeada.
Impressionados
pelo fenômeno, principalmente pela pesca portentosa que se seguiu à descoberta
da estátua, os três mencionados pescadores limparam com grande cuidado a
imagem, e verificaram que representava Nossa Senhora da Conceição, que o povo
sem demora passou a chamar “Senhora Aparecida”. Felipe Pedroso conservou a
imagem em sua casa durante vários anos; por fim, resolveu dá-la a seu filho
Atanásio, que morava em Itaguassú, porto onde se dera o encontro da estátua.
Atanásio, movido então pela sua fé, ergueu um pequeno oratório, onde depositou
a venerável efígie; aí começou o povo da vizinhança a reunir-se aos sábados à
noite, a fim de rezar o santo rosário e praticar as suas devoções.
Certa
vez, durante uma dessas práticas aconteceu que, embora a noite estivesse muito
calma, de repente se apagaram as velas que alumiavam a imagem da Senhora. Os
fiéis, querendo reacendê-las, verificaram com surpresa que elas por si, sem
intervenção de alguém, se reacenderam.
Foi
este o primeiro prodígio registrado em torno da Senhora Aparecida. O mesmo
portento se repetiu em outras ocasiões, chegando a notícia ao conhecimento do
pároco de Guaratinguetá, Pe. José Alves Vilela. O sacerdote decidiu então
construir para a estátua uma capelinha mais ampla, capaz de satisfazer ao
crescente número dos devotos da Virgem, a qual ia multiplicando graças a
benefícios sobre os fiéis. Em breve, também essa capelinha se tornou pequena
demais. Foi preciso pensar em nova construção em lugar mais elevado que a
margem do rio.
Escolhido
o morro dos Coqueiros, o mais vistoso e acessível dos que margeiam o Paraíba,
começou-se ali em 1743 a edificação de novo santuário, com a provisão do bispo
do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz; aos 26 de julho de 1745, a obra
terminada foi devidamente benta, dando lugar à celebração da primeira Missa.
Doravante o morro e suas cercanias tomaram o nome de “Aparecida”, designação até
hoje conservada. “Aparecida do Norte” é designação popular, pois a cidade fica
a sudeste do Estado de São Paulo.
Entre
os milagres que muito provocavam o fervor do povo, conta-se o do escravo,
ocorrido por volta de 1790 e famoso nos tempos subseqüentes. Segundo a versão
mais abalizada, as correntes se soltaram das mãos do escravo, quando este
implorava a proteção de Nossa Senhora Aparecida diante da respectiva imagem.
Eis como o refere o Pe. Claro Francisco de Vasconcelos pelo ano de 1838:
“Um
escravo fugitivo, que estava sendo conduzido de volta à fazenda pelo seu
patrão, ao passar pela Capela, pediu para fazer oração diante da Imagem.
Enquanto o escravo estava em oração, caiu repentinamente a corrente, deixando
intato o colar que prendia seu pescoço. A corrente se encontra até hoje
pendente da parede do mesmo Santuário como testemunho e lembrança de que Maria
Santíssima tem suprema autoridade para desatar as prisões dos pecadores
arrependidos. Aquele senhor, tocado pelo milagre, ofereceu a Nossa Senhora o preço
dele e o levou para casa com uma pessoa livre, a fim de amar e estimar aquele
seu escravo como pessoa protegida pela soberana Mãe de Deus” (relato extraído
da obra de Júlio J. Brustoloni, A Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário,
Aparecida, SP, 1994).
2.
De 1745 aos nossos dias: a dedicação do Brasil à Virgem.
A
nova igreja foi diversas vezes reformada e aumentada, até que em 1846 foi
iniciada a construção de um templo ainda mais vasto. Os trabalhos, porém,
diversas vezes interrompidos, só chegaram a termo em 1888; aos 8 de dezembro
desse ano, Dom Lino Deodato de Carvalho, oitavo bispo de São Paulo, procedeu à
bênção do novo santuário, que até nossos dias subsiste em Aparecida, ornado com
o título de “Basílica Menor”, título concedido por S. Pio X aos 29 de abril de
1908.
Para
atender aos numerosos grupos de peregrinos que afluíam ao local, o mesmo
prelado obteve a vinda dos RR. PP. Redentoristas, os quais desde 1894 têm a
seus cuidados o santuário e a respectiva cura pastoral.
Aos
8 de setembro de 1904, realizou-se a solene coroação de Nossa Senhora
Aparecida, com a participação do Sr. Núncio Apostólico Dom Júlio Tonti, do
representante do Presidente da república, do Episcopado do Brasil Meridional e
de grande multidão de sacerdotes e fiéis.
Finalmente,
o S. Padre Pio XI houve por bem acolher o pedido da hierarquia e dos fiéis, que
desejavam fosse Nossa Senhora Aparecida proclamada Padroeira principal de todo
o Brasil. Aos 16 de julho de 1930 publicava S. Santidade o seguinte “Motu
proprio”:
“…
Por conhecimento certo e madura reflexão Nossa, na plenitude de Nosso poder
apostólico, pelo teor das presentes letras, constituímos e declaramos a mui
Bem-aventurada Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de “Aparecida”,
Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. Este padroado gozará dos
privilégios litúrgicos e das outras honras que costumam competir aos Padroeiros
principais de lugares ou regiões. Concedendo isto para promover o bem
espiritual dos fiéis no Brasil e aumentar cada vez mais a sua devoção à
Imaculada Mãe de Deus, decretamos que cada vez mais a sua devoção à Imaculada
Mãe de Deus, decretamos que as presentes letras estejam e permaneçam sempre
firmes, válidas e eficazes, surtindo seus plenos e inteiros efeitos”.
Este
decreto pontifício foi publicado na Basílica de Nossa Senhora Aparecida,
fazendo-se a consagração do Brasil à Virgem Ssma., com grande júbilo dos fiéis.
No
ano seguinte, o mesmo ato se repetiu em termos mais solenes na capital da
República. A imagem da Virgem foi, sim, entusiasticamente levada de Aparecida
para o Rio de Janeiro, onde percorreu em procissão o centro da cidade aos 31 de
maio de 1931. Finalmente na Esplanada do Castelo, em presença do Sr. Presidente
da república, de altas autoridades civis e militares, de numerosas divisões das
Forças Armadas, do Episcopado Brasileiro e de enorme multidão de fiéis, o
Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro proferiu o ato de consagração de todo o
Brasil a Nossa Senhora Aparecida, recomendando à Excelsa Padroeira todos os interesses
e as necessidades da pátria.
Este
ato, que mereceu os aplausos da opinião pública em geral, estava bem na linha
de venerável tradição da nação brasileira, a qual sempre mostrou especial
devoção à Virgem Imaculada. Entre outros fatos expressivos dessa estima,
pode-se notar que, ao proclamar a independência do Brasil, D. Pedro I, o
primeiro Imperador, confirmando aliás antiga provisão de Sua Majestade o rei de
Portugal do ano de 1646, declarou a Virgem da Conceição Padroeira do Brasil.
Numerosos
são os relatos de milagres que tanto a imprensa como a voz do povo atribuem à
Virgem Aparecida. As autoridades eclesiásticas não se empenham por definir a
autenticidade de tais portentos, nem mesmo a dos episódios concernentes à
aparição da Senhora Imaculada no porto de Itaguassú em 1717. Doutro lado, não
vêem razão para se opor à devoção de Nossa Senhora Aparecida: ao contrário,
esta tem produzido os melhores frutos, espirituais e corporais, no povo
brasileiro. É por isto que os Srs. Bispos têm mesmo patrocinado e fomentado a
piedade para com a Excelsa Padroeira do Brasil. Contudo, a bem da verdade,
deve-se notar que tal atitude favorável é independente de qualquer
pronunciamento da autoridade eclesiástica sobre a genuinidade dos prodígios que
se narram em torno da Virgem e do Santuário de Aparecida.
A
Santa Igreja de modo nenhum entende fazer de tais relatos matéria de fé; deixa,
antes, a cada um de seus filhos a liberdade de ponderar o grau de autoridade
que merecem os respectivos documentos (o que de resto não desmerece o valor de
autenticidade que realmente possa caber a tais episódios).
A
presença do sobrenatural em Aparecida exigiu que se empreendesse a construção
de nova e mais vasta Basílica. Esta, iniciada em 1955 sob os auspícios do
Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, estava concluída, com todas
as suas capelas e quatro naves, em 1980. A área construída é de 23.000 m² e a
área coberta mede 18.000 m². A lotação normal é de 45.000 pessoas, podendo a
lotação máxima chegar a 70.000 pessoas. Até hoje são relatados milagres e
favores de ordem física obtidos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida em
seu Santuário; todavia o que mais importa aí, são os numerosos casos de
conversão espiritual e reencontro da paz interior alcançada pelo patrocínio de
Maria SSma.
O
fato de que a imagem da Senhora Aparecida tem a cor preta, tem sido objeto de
comentários … Na verdade, o fenômeno se explica bem pela longa permanência da
estátua dentro da água do rio. Na época da descoberta o fato não deve ter tido
a repercussão e importância que hoje lhe querem atribuir.
A
propósito recomenda-se a leitura do livro do Pe. Júlio J. Brustoloni: A
Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário, Rua Padre Claro Monteiro, 342,
Aparecida (SP), 1994.
¹ O
título “Nossa Senhora Aparecida” designa a Santíssima Mãe de Deus tal como ela
apareceu na localidade do Estado de São Paulo que hoje traz o nome de
“Aparecida do Norte” (nas proximidades de Pindamonhangaba e Guaratinguetá). Lá
Nossa Senhora se manifestou com as notas que, na arte sacra, a caracterizam
como imaculada em sua conceição; daí dizer-se comumente “Nossa Senhora da
Conceição Aparecida”. – A mesma Virgem Ssma, tendo-se manifestado em Fátima, é
chamada “Nossa Senhora de Fátima”; tendo aparecido em Lourdes, é dita “Nossa Senhora
de Lourdes”, etc. Tais denominações não supõem diversas “Nossas Senhoras”, mas
significam sempre a mesma Santa (“Santa Maria, Mãe de Deus…”), apenas invocada
sob títulos diferentes.
Fonte:
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” D. Estevão Bettencourt, osb. Nº 405 – Ano
1996 – Pág. 72
Detalhes importantes:
__ O
Santuário de Aparecida e a paróquia da cidade, onde situa-se a primeira
basílica, são conduzidas e geridas pelos sacerdotes de congregação dos
Redentoristas;
__
Foi o Papa Pio XI que proclamou Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do
Brasil;
__ O
grande e santo Papa Pio X foi quem autorizou e abençoou, desde o Vaticano, a
coroação da Imagem como sendo de Nossa Senhora, em 04/09/1904;
__
Comprovando que não foi acaso ter sido escolhido em 13 de para a abolição da
escravatura, a coroa de Nossa Senhora foi doada pela Princesa Isabel;
__
Anteriormente, ano da abolição 1988, foi inaugurada a 1ª Basílica em Aparecida;
(hoje, transformada na Matriz da Paróquia).
__ A
atual Basílica, Santuário Nacional de Aparecida, foi concluída em 1984, após 29
anos de construção;
__
No subsolo encontramos a Sala dos Milagres, com milhares de testemunhas e
agradecimentos por graças alcançadas;
__
Na Basílica de Aparecida é possível receber até setenta mil pessoas. Em todo o
mundo apenas a Basílica de São Pedro, em Roma, é maior;
__ A
festa em honra a Nossa Senhora Aparecida, feriado nacional, acontece em 12 de
outubro. O comparecimento médio anual situa-se próximo a 250.000 pessoas,
apenas no dia da festa. Durante o ano todo o total estimado fica próximo a 4
milhões de romeiros.
__
Dois Papas já estiveram em Aparecida: João Paulo II em junho de 1980 e Bento
XVI recentemente, maio de 2007.
“Todos nós, brasileiros, agradecemos a
Santíssima Trindade e a Nossa Senhora por tão grande graça concedida”.
Komentarze
Prześlij komentarz
Nieustanne potrzeby??? Nieustająca Pomoc!!!
Witamy u Mamy!!!